domingo, 24 de outubro de 2010

Tecnologia e Avanços no Candomblé


Avanços no Candomblé: Certo ou Errado?
(por Patrick Ogbásilè)

No século XXI está claro que o Candomblé está sofrendo suas modificações em vários sentidos, é fato para todos que a modernização é comum a todas as grandes e pequenas casas de Candomblé. Mesmo que haja luta contra tal acontecimento pela sociedade conservadora, é cada vez mais crescente o desenvolvimento em determinadas funções, como é o exemplo do eletrodoméstico inseridos nas cozinhas de santo substituindo as antigas ferramentas, como é o exemplo do triturador usado para fazer a farinha do acarajé, que antes o feijão era pilado ou socado com pedra.
A evolução é imprescindível para a progressão do Candomblé, e é importante para sua existência atual, pois há 70 anos atrás era usada a tecnologia existente em tal época. Mas no atual século é inviável o uso da antiga tecnologia.
Sabe-se também que, hoje o Candomblé é um culto de proporções cada vez maiores, com um grande fluxo de entrada e saída de adeptos. Para suprir essa gama de pessoas, foi e, é preciso fazer adaptações no sistema administrativo, funcional, operacional e tecnológico nas casas de Santo, a fim de conseguir manter suas funções e obrigações para que a casa siga um ritmo harmonioso seguindo a rapidez do mundo atual.
Por mais que tentemos preservar os costumes e tradições em funções de nossos cultos, não conseguimos suprir nossas necessidades dentro de uma casa de santo. Mesmo que soe como incorreto para os tradicionais, pode soar válido para o culto na atualidade. Querendo ou não é notório que nossos Òrìsàs tendem a aceitar e participar desse processo evolutivo, pois, a modernidade está presente em tudo nas roças de santo, exemplos: na luz elétrica presente nos quartos de santo, nos refrigeradores para conservar os alimentos, no preparo de comidas e oferendas, para limpeza e manutenção dos templos.
Entramos em outra questão, não seria Ògún o Òrìsà patrono das tecnologias e seus avanços?! Ògún que protege todos os profissionais ligados ao trabalho com metais, que é usado na produção de quase ou se não todos e quaisquer ferramentas usadas atualmente nas casas de santo. Renegar esses avanços tecnológicos seria não aceitar as graças desse Òrìsà, este que é responsável pelo progresso?!
Portanto, pode-se levar em consideração que há ação do Òrìsà e aceitação destes com relação aos avanços da tecnologia. E que é necessário que nosso culto precise acompanhar esse desenvolvimento, para continuar sua existência. Realmente há coisas e situações que não podem ser mudadas e substituídas, mas no que se pode acompanhar o progresso para ajudar na mão-de-obra das funções da casa de Santo, isso não pode ser deixado de lado e sim usado para que não fiquemos estagnados no tempo e sendo vistos cada vez mais como uma religião totalmente primitiva e renegada pela sociedade. O simples fato de aceitar o progresso não quer dizer que devemos esquecer o passado e tudo o que foi passado pelos mais velhos. Aceitar o presente não é renegar o passado.

Patrick Ogbásilè

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sexualidade e Religião

Sexualidade e Candomblé
(por Brad Pághanni de Oxalá)

Um assunto que gera uma polêmica muito grande, dentro de todas e quaisquer religiões. Gera polemica em diversos tópicos no que diz respeito ao seu significado. Algumas religiões dizem que o sexo serve somente para procriação. Outras religiões dizem que o sexo não é algo dogmático e sim pragmático. Umas religiões aceitam a homossexualidade. Outras religiões condenam. Enfim, muitos assuntos nas religiões são gerados por causa deste tópico que se chama SEXO.
Na veracidade dos fatos, o sexo é algo natural do ser humano.
O candomblé tradicional entende os laços do homem com a natureza e toda sua criação. Ifá nos ensina que os Orixás são membros da natureza. Xangô é o rei dos raios e dos trovões, mas também, xangô é o próprio trovão, assim como Oxossi e a mata e Olokum e o mar.
Os Iorubas sempre compreenderam que Bára possui dois lados: o lado masculino e o lado feminino.
A palavra Bára, referente ao Orixá Exu – significa: “rei do corpo”. É a junção de Ogbá + arà respectivamente.
Cientificamente, todos sabem que na formação do feto humano, existe uma série de etapas... Uma série de modificações e formações; e essas modificações relacionadas ao sexo do neném não é muito diferente e nem bizarra.
O homem possui o pênis e a mulher, a vagina.
Os animais irracionais também. Eles se dividem em machos e fêmeas. Sendo assim, podemos ver que é natural o sexo entre eles. Serve para reprodução e para o prazer.
A humanidade fora dividida em várias etapas. O estudo dessas etapas se chama cronologia (estudo do tempo: Khronnos – Deus do Tempo na Grécia + Logus – Palavra originária do Latim que significa “lógica, estudo”). A cronologia reconhece, ao contrário da historia factual, que – pré-história também é história.
Fatos da cronologia da humanidade revelam que os homens estupravam suas fêmeas, por trás, e elas – nada entendiam. Só sabiam que aquilo era para procriação.
Mais tarde, os seres humanos dessa época descobriram as posições sexuais e então – perceberam que o sexo serve também para o prazer.
Hoje em dia podemos ver relações de homens com homens e mulheres com mulheres. Muitas religiões, ao contrário do candomblé não aceitam este tipo de pratica, ou condição sexual. Mas essas mesmas religiões, que inclusive são dogmáticas, e que não aceitam a homossexualidade esqueceram de um fato: a mulher tem clitóris.
Todos sabem que cientificamente o clitóris é um pênis não desenvolvido e não serve para nenhuma outra função a não ser receber o prazer.
Se sexo fosse apenas para procriação, porque as mulheres teriam clitóris?
Porque os meninos se masturbariam excessivamente na fase da adolescência? Não existe outra explicação a não ser o prazer.
Sendo o candomblé uma religião pragmática, e totalmente dedicada ao culto a natureza, inclusive a natureza humana (Exu Bára); a homossexualidade não é condenada em respectiva filosofia.
A homossexualidade e o prazer são coisas humanas. São coisas na natureza, e estão inseridas no contexto ao culto de Bára sim, inclusive de Oxalá e de Yiámí Oxorongá – que são os representantes do masculino e do feminino – respectivamente.

Irmãos de Santo de Relacionando Sexualmente

Não existe regra alguma nos 256 itãs de ifá – referentes aos odus que negue a pratica sexual entre irmãos de axé. Podem procurar... Não vão achar.
O lance de sexualidade – nada tem haver com a religião a nível cultural. Nada tem haver com a sociedade em si. Lógico que as pessoas precisam respeitar o espaço religioso, e entender que o sexo não deve ser praticando dentro de um templo.
Já ouvi muitos absurdos de pais e mães de santo que inventavam coisas, dizendo que se irmãos se casassem iriam ser infelizes, ou iam perder uma perna... Iriam perder a casa... Castigos horríveis.
Todas essas coisas são mitos. É mentira!
Irmãos podem sim serem namorados, casados...
O que não pode acontecer é... Pai de santo que entra no Hankó escondido com ogam para transar. Infelizmente isso existe, e isso sim é repugnante. Isso sim vai contra o sistema.
Mas existem casas que estabelecem regras.. Irmão não podem namorar. Isso pode acontecer? Essas regras são viáveis?
Sim! Podem ser, a partir do momento que o líder da casa deixe bem claro que ele e a SOCIEDADE RELIGIOSA não permite. Desde que ele não minta que... Orixá vai castigar e que Exu vai matar.
Espiritualmente falando não é errado.
Mas pode ser que uma casa, MATERIAL – a nível sociedade e a nível matéria... Não permita este ato.
Então só para concluir...
Candomblé permite homossexualidade, sexo só para prazer (caso contrário Exu Bára não permitiria mulher ter clitóris, e nem deixaria os meninos adolescentes se masturbarem – dando-os impotência, ou falta de ereção)...
Irmãos de mesmo axé podem namorar sim! Não há contra-regra ESPIRITUAL.
Pode ser que a CASA, o LIDER religioso não permita.
Fora isso, podem transar a vontade. Com camisinha.
Obrigado!

Complemento... RESPOSTA DE EXTENÃO: Serve para expandir um pouco mais a visão sobre sexualidade e Orixá.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sangue

Ejé & Agbò
(por Brad Pághanni de Oxalá)

Magia é o nome que se dá ao que há de material em configuração abstrata. Palavras e pensamentos são ofícios da magia. Entre todos os ofícios, o mais eficiente é um atributo denominado: ação.
O transporte de energia pelo corpo humano possui identidade rubra. É ao extremo como o transparente da chuva, que fertiliza o corpo chamado terra. Corre como o tempo, e mancha como a vivência. Representa como uma pomba e sustenta como um grão-ferro.
Assusta como o mal e se torna herói como bom. Salva vidas, mas também tira. Pode ser quente como o sol e frio como Plutão. Poderia ter sido como guache para Da Vinci; mas para soldados – cor de carcomidas cidades, que abriram sorrisos de alguém com bigode esquisito e cabelo partido para o lado, mas também – enegreceram faces... Púberes faces e também – mulheris inocentes. Faces de terra preta, de gente preta e faces de bandeira branca com estrela azul.
Experimenta diretamente o ar quando surge a vida, mas nem sempre quando ela se vai. Não tem meio termo. Ou é ou não é. Talvez nunca foi. Talvez sempre será.
Representou o homem mais conhecido do planeta. Talvez mítico. Porém, sua representação não é. Outro dia me cortei e pude ter certeza disto.
Apresentou o além para Fiodor Dostoievski. Apresentou a existência para René Descartes. Despertou a curiosidade de Charles Darwin e a sucessão de Eugéne Dubois. Transportou luz aos olhos de Voltaire. Causou tremeliques frenéticos nos dedos de Mozart. Gerou a essência brilhante e o bom humor de Einstein. Gerou solução a mente de Bertrand Russell.
Desenhou Adjinkras em costas de canelas sofredoras, em terras desconhecidas molhadas com água de banheira, de europeus com sotaque engraçado e rápido – pensando em ser crianças, fazendo brincadeiras de gente grande. Mais precisamente românico. Talvez, anglo-saxônico.
Dividiu um único pão – frio em treze.
Deu origem ao rebolado.
Deu origem também às notas musicais nas vozes de novos pretos de idiomas inglês.
B.B King é fruto desta brincadeira. Ele sabe disso, mas ao mesmo tempo não faz idéia. Zumbi dos Palmares mostrou para todos que esse elemento oculto de que estamos falando foi a matéria prima dos gingados brasileiros. São gingados de dança e de rivalidade. Independente da intenção – não muda de ascendência.
Este é o poder do sangue.
Este é o poder do Ejé.
Oxorongá é o ejé em si. Além de ser o lado feminino de Deus, e o conjunto de toda energia mulheril do universo – representa com severidade este elemento – gerador de muitos acontecimentos.
Como poderia os nativos da terra preta saber sobre isto tudo, que aconteceria em um futuro não muito distante, porém, em um local desconhecido? A resposta só Ifá sabe.
É uma boa prova de que o Ejé é a fertilidade e deve ser bem trabalhado. Deve ser compreendido assim como o recém nascido compreendia que tal era um dos seus cobertores. Até ter contato direto com o oxigênio.
Culturalmente, animais sacrificados: sim! Houveram!
A ciência sobre este ato, levaram os nativos a fazer isto.
Nativos não só da terra preta.
Enquanto europeus se preocupavam e expandir as suas terras no século XVI, aborígenes do século XIII arrancavam corações de semelhantes em oferenda a seus Deuses. Os negros e os vermelhos estavam um tanto distantes. Não é verdade? Afinal um oceano não é uma banheira.
A base de toda essa ideologia está simplesmente no nascimento. Estava até então – também na observação de cabeças dissipadas. Sim! É verdade...
Hoje com tudo o que vemos, sabemos que o sangue representa a fertilidade.
Por outro lado, sabemos que a natureza é nossa irmã. Somos todos oriundos de um mesmo foco de luz: Alá de Oxalá – pra quem quiser acreditar. Big Bang pra quem quiser ter certeza.
Por isso, culturalmente, o Ejé – de não identidade rubra – representa com a mesma potencia tal. Essa é a grande verdade.
A inteligência o discernimento cultural – varia de religioso para religioso em todas as idades da humanidade – desde que o homem se compreende por inteligente.
O Agbò é o banho de Ejé – culturalmente diferente. Plantas e pedras... Elementares e animais, são matérias. Têm essências abstratas. Mas não são. Ou melhor, não somos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Iniciação


Iniciação no Candomblé: PROTESTO
Por Brad Pághanni de Oxalá



Dízimo... É o nome que se dá dentro das igrejas cristãs ao dinheiro que se devolve a Deus. Geralmente, os pastores dessas igrejas nos ensinam através de suas bíblias, que, o dízimo deve ser de dez por cento de tudo que você recebe.


Ainda sim, dentro dessas igrejas, temos uma hora especial, onde temos a oportunidade de contribuir com uma quantia em dinheiro para o crescimento da sociedade religiosa. A oferta, ao contrário do dízimo, não tem uma porcentagem definida. Ela pode ser de qualquer valor.


Há pouco tempo, tivemos na mídia um vídeo do Bispo Macedo – Líder da Igreja Universal do Reino de Deus – ensinando a seus pastores que é importante arrancar dinheiro dos fiéis, sem medir esforços. Ele pregou a venda de fé. Isso não é nenhuma invenção. Todo mundo sabe.


Logo, todas as pessoas que não gostam do cristianismo, ou então – da Igreja Universal em si – começaram a se manifestar, chamando o Bispo Macedo de ladrão, safado, mentiroso, entre outros adjetivos. Entre essas pessoas que criticaram o Bispo Macedo, estavam muitos candomblecistas e muitos umbandistas.


Hoje, vi uma moça perguntando sobre o preço da iniciação no candomblé. Logo um rapaz, seu conhecido, respondeu que o preço é muito relativo, mas, completou dizendo que – a iniciação dele custou por volta de oito mil reais. Ele disse: OITO MIL REAIS. Prestem bem a atenção: ele disse que esses oito mil reais incluíam: roupas, tanto as brancas quanto as confeccionadas para o suposto Orixá, salão de festas, decoração do salão e buffet. Para completar a situação, esse mesmo rapaz disse que já viu gente sair do candomblé e ir para umbanda fazer tal Orixá. Ele disse em outras palavras que não concorda com a saída dos adeptos do candomblé para umbanda por motivos financeiros. Ele disse que a pessoa deveria fazer isso por amor a umbanda e nada mais.


Mas, como assim? Motivos financeiros?


O candomblé é uma religião de luxo? O candomblé é uma religião para ricos, onde cada ritual desses sai por milhares de reais? Então, quer dizer que – para ter uma festa descente de iniciação, a pessoa que desejar deve bancar uma faixa de oito mil reais, para ter buffet, roupinha confeccionada... Tchá-Tchá, Fru-Fru...


Só está faltando plumas rosas...


Ta aí! Uma boa idéia! Plumas rosas! Se quiser, pode confeccionar também com penas de pavão, pele de oveha...
Ah! Já sei! Pode confeccionar um trono com pele de onça! Que tal? Rsrsrs...


Uma dica importante: antes da saída do Orixá, você tem que fazer algumas coisas nele: escova marroquina, prancha, brilho labial, fazer as unhas dos pés e das mãos (não esquecer de colocar unha postiça cor-de-rosa com adesivos da Hello Kit).


Outra coisa: Sandália salto número 15! É super importante que o salto da Yiágbá seja Número 15! E não pode ser da Azaléia. Azaléia é uma marca muito comum... Tem que ser uma requintada. Uma marca francesa.


Gente... Pelo amor de Deus né, cara! Isso é uma tremenda palhaçada e falta de respeito com a religião. Usurpar as pessoas com esses valores altíssimos, quando na verdade a iniciação do candomblé não tem nada haver com isso.


Eu decidi fazer essa postagem porque é revoltante ter que saber de uma coisa dessas!


Você que não é iniciado na religião, por favor, não caia nesses contos. Isso é um absurdo. Gastos? Todo mundo tem. Toda religião tem gastos. Toda religião precisa de dinheiro para se manter viva, porque, infelizmente a base de tudo, hoje em dia é o dinheiro. A sociedade tem despesas: contas de luz, água, telefone... Manutenção da casa, entre milhares de coisas.


Todos sabem que os impostos brasileiros são um dos mais altos do mundo! A passagem de ônibus no Rio de Janeiro está no valor de dois reais e trinta e cinco centavos. Na região da Costa Verde, também no Estado do Rio de Janeiro, podemos encontrar a passagem de ônibus no valor de dois reais e cinqüenta centavos.


Existem pessoas que precisam pegar várias conduções para chegar ao terreiro. Existem pessoas que moram longe... Existem pessoas com filho pra cuidar, casa pra cuidar... Comida, roupa, escola, despesas em geral... Tudo é dinheiro. Sem dinheiro a pessoa não vive.

Me vem cada uma... Oito mil reais para ser iniciado na religião chamada candomblé? Vai pra “puxa que pariu!”

A VERDADEIRA INICIAÇÃO DO CANDOMBLÉ

Um escravo sofrido... Um escravo que veio da África. Foi arrancado a força de seu berço. Perdeu a sua dignidade. Perdeu o seu respeito. Perdeu os seus direitos... Perdeu sua família. Viu ente queridos no tronco, sendo chicoteados até a morte. Viu capitães do mato, matando seus filhos... Seus pais. Viu as pessoas que mais amavam – serem vendidas como se fossem mercadorias qualquer... Como se fossem papel higiênico... Um escravo sofrido, que, junto com seu povo lutou contra a repressão. Lutou contra a intolerância, e lutou para manter a sua tradição viva.


Não apenas um escravo. Milhares de escravos. Milhares...


Esses escravos lutaram, deram as suas vidas em nome da fé dos Orixás. Esses escravos se sacrificaram, e mesmo que, os brancos tivessem outros interesses com a Inglaterra, os escravos conseguiram somente em 1888 a sua liberdade. Eles ficaram quase trezentos anos sofrendo... Derramando sangue. E mesmo assim, nesses últimos cento e vinte e dois anos (1888/2010); a religião que os escravos deixaram ainda é perseguida por pessoas malucas... Burras e com visão fechada. O candomblé até hoje sofre repressão, e ainda existem pessoas que querem fazer candomblé de luxo? Me desculpe, mas “vai tomar no...”


Eu fui iniciado pela educação. Eu disse e vou repetir: EU FUI INICIADO PELA EDUCAÇÃO. Mãe Nilza de Xangô me passou ensinamentos... Me ensinou a ser honesto na religião e fora da religião. Me ensinou a ter coerência... Compaixão.


Hoje em dia, com essa humildade, sem perceber – escrevi quatro livros e vinte e duas apostilas sobre o candomblé. Ainda sim, eu reconheço que sou leigo. Ainda sim – reconheço que tenho muito que aprender.


É nessa base que fundei em 2005 – a Sociedade Leão Coruja (voltada para estudos afro-religiosos); que se digitalizou para Sociedade Candomblé Moderno. Ainda sim, não me sinto líder... Me sinto irmão.


A verdadeira iniciação está na prática do amor. A verdadeira iniciação está na compreensão de ifá. Está em uma sabedoria individual, a qual não deve ser competida entre pessoas, como sinônimo de poder.


Ifá nos ensina que a maior iniciação dentro de todas e quaisquer religiões, sejam elas dogmáticas e pragmáticas – é o estudo. O estudo, acima de tudo é a maior iniciação.
Já escrevi isso no meu primeiro livro: A maior plenitude sacra é decorrência de uma sabedoria a par.


A religiosidade é uma coisa interna. É uma coisa interior. Não se pode gerar competitividade para mostrar que Fulano sabe mais do que Ciclano sobre uma determinada religião.


A fé não pode ser vendida. A fé é algo sobrenatural... Matéria alguma é capaz de compreender a fé.


Você pode fazer um trabalho com mil cabritos, quinhentos pombos, setecentas mil velas vermelhas para Exu – que se você não tiver fé, esse trabalho não vai dar certo.


O estudo, a fé, o amor pela religião são os três conceitos básicos para um verdadeiro iniciado na religião.


O pai de santo que passa os seus fundamentos para seus filhos não deve ser considerado como maluco. Muitos pais e mães de santo não gostam de passar seus ensinamentos para seus filhos – porque sentem que ainda existe uma competitividade cultural muito grande. É um querendo saber mais que o outro.


A grande realidade é: quem estuda – sabe! Quem não estuda não sabe. É burro! Pronto. Falei! Coloquei a boca no trombone. Essa é a grande realidade!


Vender fé? Isso não se faz cara! Isso é revoltante!
Orixá não é mercadoria.


O verdadeiro iniciado estuda e passa a entender a religião de um modo unânime. Secundariamente, esse estudo reflete na vida em geral do estudioso. Ele passa a compreender mais, passa a amar mais, ter mais, ser mais feliz, ter mais qualidade de vida...
Isso porque o que ele conseguiu é inalcançável a matéria. Ele conseguiu essa felicidade toda através da compreensão do abstrato.


Ele realmente entendeu como colocar em prática todos os atributos divinos que existem.


Ele aprendeu com Exu – que se ele mesmo não se mover, ele não vai arrumar um emprego.


Ele aprendeu com Ogum – que se ele mesmo não colocar a mão na espada e sair para lutar, o seu exército nunca irá ganhar.


Ele aprendeu com Omolú – que a monotonia nunca irá embora se ele não buscar renovação... Inovação. Morrer e nascer novamente, e ter uma nova vida, sem precisar sacrificar fatalmente sua matéria.


Ele aprendeu com Yemanjá – que para ter um filho é preciso ter estrutura. Caso contrário, não existe o sentimento puro de maternidade ou de paternidade. Podemos ver muitos casos onde pessoas despreparadas tem seus filhos, e depois os abandonam em caixas de sapato, lixos e rios...


Ele aprendeu com Oxum – que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”.


Ele aprendeu com Ewá – que o sentimento puro... Que a VIRGINDADE DO CORAÇÃO (não é a virgindade da xoxota, ou a pureza antes da menstruação, como muitos pensam) é um grande caminho para conquistas incalculáveis e inarráveis.


Ele aprendeu com Ossaim – que é importante preservar a natureza, porque – boa parte dos artifícios de sobrevivência dos seres humanos – estão nas ervas.


Ele aprendeu como Ode Logum – que cada idade é uma idade, e que não se deve insistir em se tornar jovem ou ficar desesperado com a velhice. Cada idade propõe uma sabedoria individual.


Ele aprendeu com Xangô – a ser justo.


Ele aprendeu com Oxossi que se ele não caçar ele não tem comida na mesa.


Ele aprendeu com Oyá – que sem atitude ele é invisível, mudo, cego e surdo.


Ele aprendeu com Nanan – que se deve amar o que se conquista.


Ele aprendeu com Igbeji a ser criança de vez enquando.


Ele aprendeu com Oba a lutar pelo que se ama.


Ele aprendeu com Oxumare a se amar, sem menoscabar o próximo.
Ele aprendeu com Oxalá a criar, produzir.


Ele aprendeu com Yami Oxorongá a dar fertilidade a suas criações.


O que ele nunca aprendeu com Ifá – é que, por mais que ele busque sabedoria até sua morte – nunca saberá de tudo.
Essa é a verdadeira iniciação.
“Ele” é o verdadeiro iniciado.


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Candomblé X Umbanda

Porque Isso Acontece?
(Por Brad Pághanni de Oxalá)

Ando pesquisando algumas comunidades do Orkut, e nessas comunidades posso observar algumas questões que servem para uma boa postagem. Antes de tudo, gostaria que os leitores soubessem que é uma felicidade imensa de ter a oportunidade de fazer esta publicação – em nome de uma religião tão linda chamada candomblé.

Podemos ver então nessa postagem, a questão dos seguidores do candomblé que largam respectiva religião para seguir no caso – a umbanda.

Na veracidade dos fatos, a umbanda é uma religião totalmente distinta do candomblé. Enquanto o candomblé surgiu no Brasil, dentro do éculo XVI, baseado em rituais de escravos trazidos de diversas partes de África, afim de cultuar os Orixás, Inkisses e Voduns – o candomblé nasceu a mais ou menos cem anos atrás, no Rio de Janeiro – com a intenção de cultuar os antepassados brasileiros.

Entre esses fundamentos, podemos ver muitas diferenças entre tais religiões. No, entanto, existem muitas semelhança entre as duas, quando paramos para fazer analogias.

As saídas dos adpetos do candomblé para umbanda é um processo muito relativo. Existem mil e um motivos que levam os candomblecistas a se tornarem umbandistas. Pode ser por algo que não lhes agradaram, ou então, por paixão... Existem mil e um motivos.

Existem pessoas que acham a umbanda um culto muito mais simples, outras acham mais bonitos, ou simplesmente, umas não se adequaram ao candomblé – a nível cultural, e então, tiveram a curiosidade de ver como é o candomblé.

Assim como a umbanda, poderia ter sido outra religião. A umbanda não tem nada de especial que tire um candomblecista de dentro do candomblé. Poderia ter sito o cristianismo, budismo, islamismo... Tanto faz.

Essa questão se resume no contexto cultural e não espiritual.

Não significa necessariamente que uma religião tenha mais potencia que a outra, ou então, que uma religião exerça mais a fé do que a outra. Umbanda é umbanda e candomblé é candomblé.

Se alguém disser para você que você não deve largar a sua religião para seguir outra, e que caso contrário, irá acontecer uma tragédia ou fatalidade, não caia nessa lábia. Essa informação é falsa. A troca de religião é por opção das pessoas que tem fé. A escolha da religião é um direito único, singular e inalienável.

Quem quiser saber mais um pouco sobre a umbanda em analogia com o candomblé, poderá ver o vídeo abaixo. Nele eu explico sobre as energias que devem ser cultuadas no sentido geral, independentemente de religião. Fiz esse trabalho em especial para comunidade Candomblé de Portas Abertas. Porém, cabe perfeitamente alguns trechos deste vídeo para com a resposta e a postagem deste blog.

Muito obrigado pela atenção.

Axé!





Para que os leitores tenham ciência de onde vem essa pergunta, vocês poderão clicar aqui. Em seguida, automaticamente, vocês irão achar a comunidade e seu respectivo tópico, onde o debate está em pauta neste blog.