terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Gravidez


A Iniciação de Uma Grávida - Torna seu Bebê um Iniciado? (por Brad Pághanni)


Agbíasé... Posso lhe responder com extraordinária exatidão que não. Certamente, a criança está muito mais ligada à mãe dentro da barriga do que depois de nascida, mas, não devemos nos olvidar que a individualidade e inalienabilidade é o que caracteriza cada Orí vivente em todo planeta.

Existe um Ìtàn de Irosún Osá, no contexto de Yiamí Osóoròngá que fala sobre a ligação da mãe com seu bebê durante a gestação. O bebê herda sim uma genética tanto espiritual quanto material. Porém a essência de cada um é distinta.

“ O sêmen é o instrumento de criação que interage com o ser secundário. O cordão umbilical é o instrumento de integração do ser secundário com o terciário. O ser terciário provém dos dois anteriores, em terra e em ar. Mas o fogo e a água é algo característico de singular – o que constitui o ser único.”

Na hora da iniciação, o Orí que foi entregue ao Orixá foi o Orí da mãe. Foi a energia da mãe. Por mais que ambos estejam em extrema conexão durante uma gravidez, cada um tem a sua energia pessoal.

Tecnicamente falando, se um dia, lá para seus 70 anos de idade – a mãe morresse, o filho, independentemente de sua idade também morreria.

Êxtase


Ekéjí e Ogàn Podem Entrar em Êxtase? (por Brad Pághanni)


Essa é uma dúvida muito frequênte no mundo dos iniciandos. Essa postagem vai para quem já sabe mais ou menos o conceito de Orixá. É para quem já tem um certo nível de compreensão no que diz respeito a Orixá.

Analisando a palavra “Orixá”.

Orí + Ixá = Anjo guardião da cabeça.

Quando a divindade possui esta configuração, significa que ela mora dentro de nós. Então, Orixá não incorpora. Orixá exala. É justamente o contrário das entidades.

Há uma grande diferença entre Divindades e Entidades.

Os Orixás, ao mesmo tempo em que são natureza, são padrões psicológicos, emocionais, e tudo mais que constitui uma cabeça. As entidades não. As entidades são seres externos. Elas sim incorporam. As entidades não exalam.

Existe um estudo que mostra a capacidade de um Ogam e de uma Ekeji virar com Orixá. Porém, isso não é comum e nem viável.

Espiritualmente falando, os Ogans e as Ekejis possuem suas cabeças próprias para não recepção de entidades, mas... Com relação a Exalação de Divindades – suas cabeças podem sim, virar. No entanto, é um mistério que só Olorum sabe.

É como eu sempre digo: nenhuma cabeça é igual a outra. Cada cabeça é um universo.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Yewá - A protetora da sabedoria

Ewá, feita somente em meninas virgens?
(por Brad Pághanni de Oxalá)


Durante muito tempo, cursou pelos terreiros de candomblé uma falácia. O Orixá Ewá não é feita exclusivamente em mulheres virgens. Pode ser feita em mulheres que já tiveram relação sexual, sem enigma algum.

Ifá nos ensina que, ao nascer, recebemos o nosso Orixá. Essa energia é imutável e inalienável. Por este motivo nunca variará. Quem é de Ewá, pra sempre de Ewá.

Suponhamos que uma menina, com seus dezessete, dezoito anos descubra a religião e opta por se iniciar. Aos quinze, ela havia perdido a virgindade. Contudo, ela nascera de Ewá. Sabendo-se que o Orixá é imutável em todas e quaisquer hipóteses, qual será a atitude do Babalorixá? Ao se iniciar nos segredos de Ifá, aprende-se que não se deve alterar as informações fornecidas pela energia do oráculo.

Será que o Babalorixá irá mentir, mesmo sabendo que é contra os dogmas?

É uma questão polêmica, quando se trata de Orixá e sua inalienabilidade.

Conta um Itàn tradicional que Orúnmilá, o Orixá da sabedoria corria de Ikú, o Orixá da morte. O primeiro local que ele viu, serviu de esconderijo para não morrer: de baixo da saia de Ewá. Ikú passou direto e Orúnmilá não morreu.

Este Itàn, assim como outros, possui um sentido totalmente conotativo e não denotativo. Todas as vezes que se toca o nome de um Orixá, a sua representação é que está em evidência. Conclui-se a partir daí que, a sabedoria corria da morte.

Quando se fala de virgindade em analogia com Ewá, estamos lhe dando com uma questão de má tradução do Ioruba para o Português.

Na verdade, a palavra “Wá” significa “pura” e em alguns casos “protetora”. Logo, podemos admitir de braços abertos que – a “virgindade de Ewá” não está ligada ao conceito sexual.

Conclui-se também que, a pureza e a proteção da energia feminina está sobre a sabedoria. Logo, a morte não se aproxima. A fertilidade mental e intelectual é uma chama que não se apaga perto da energia de Ewá.

Por tanto, esse é mais um conceito verídico e estudado de que as meninas virgens ou não virgens, podem sim ser iniciadas para esse Orixá.

Ejé


O Sangue é Indispensável?
(por Brad Pághanni de Oxalá)

O sangue é um fundamento dentro dos ritos, mas, na minha opinião deve ser usado em último caso. Deve ser usado somente em extrema urgência. Se há outros caminhos além do sacrifício de animais, com um pouco mais de pesquisa eu opto por estes.
Estamos no século XXI e todos nós estamos informados sobre os mais diversos assuntos ecológicos. O candomblé é a integração do homem com a natureza e vise-versa.

Sete Anos


Iniciado em uma casa, obrigação de sete anos em outra.
(por Brad Pághanni de Oxalá)

A cultura da iniciação no candomblé prevê sete anos básicos para que um Yawò suba seu grau hierárquico. Pode-se afirmar que, os anos que se passaram não regridem. Não voltam. Logo, tudo que se aprendeu e tudo que se viveu, não se perde. Todas as experiências que se tem, marcam, e, é por isso que acredito no tempo – de um modo unânime.


Caso mude de sociedade religiosa, os anos que se passaram da sua iniciação prevalecem. Não se apagam. Os sete anos não se resumem em apenas números... Quantidade para determinar o grau hierárquico... Não se resumem em quantas vezes você fez trabalhos sagrados, ou quantas vezes entrou em êxtase. Os sete anos vão muito além. Cada ano vai muito além.


Independente de mudar o zelador, o que se aprende, se vive e se conquista – prevalecerá.


No entanto, eu gostaria de dar uma ressalva no texto que falei muito anteriormente sobre iniciação. A verdadeira iniciação...

Iniciação


Um Yawò Pode Iniciar um Agbiàn no Candomblé?
(por Brad Pághanni de Oxalá)

Eu creio que não exista fundamentalmente um dogma que determine as normas de uma feitura, com relação à hierarquia, mestre e “subordinado”. Acredito que a força da sabedoria, responsabilidade, destreza e dedicação – sejam as basilares propriedades, atributos, para que uma pessoa inicie outra em todas e quaisquer religiões no mundo.
Espiritualmente e tecnicamente falando, é formidável que o “iniciando” esteja em boas mãos. Uma pessoa com axé, bastante axé – também é um requisito respeitável para que se inicie outra pessoa. Caso ela não seja feliz em seu casamento, na saúde, nas finanças e outros cômodos, sem imprecisão essa pessoa não terá axé algum para passar.
É uma questão relativa.