quarta-feira, 30 de março de 2011

Orixás Regentes da Cabeça Humana

Imagem representando um Orí de Yawò.

Olukó Brad Pághanni de Oxalá

            É muito coloquial, vermos as pessoas que praticam o candomblé – falar que possuem fundamentalmente dois Orixás: um é o pai e outro é a mãe. Mas, se pararmos para analisar, será que essa conjectura prossegue?

            A idéia de que o homem possui dois Orixás, parte do cabeçalho: a observação da natureza. Todos os animais se procriam a partir da união de um exemplar masculino com outro feminino. Daí tirou-se a conclusão de que nossa cabeça, ou nosso espírito é equilibrado tanto por energia masculina quanto feminina – exatamente como no mundo material. Pode até ser, mas não no sentido denotativo. Feminino e masculino é muito mais profundo do que podemos imaginar.

            A cultura Ioruba nos mostra que – determinadas tribos tinham um Orixá como representante. Logo, todos os integrantes daquela tribo eram automaticamente protegidas por aquele Orixá.

            Aqui no Brasil, quase começou assim. Porém, não.
Aqui no Brasil, o culto aos Orixás tomou outro rumo. Aliás, tomou vários outros rumos, que distanciaram significativamente os cultos praticados anteriormente pelos africanos em seus países e territórios de origem.

            Partindo da observação da procriação das espécies, podemos ver hoje em dia, pessoas falando que são de, por exemplo, Yemanjá com Ogum. Caracterizam geralmente, Yemanjá como a mãe e Ogum como o pai.

            Do ponto de vista mais tradicional, outras pessoas dizem que são, por exemplo, de Oxossi, porque sua “tribo” é comandada e protegida por Oxossi. Assim, homens e mulheres, independentemente de quem sejam – são automaticamente deste Orixá.

            Mas, existe um terceiro ponto de vista.
Esse ponto de vista não é muito explorado.
Não se baseia na tradição tribal como proteção de um único Orixá, e muito menos na observação da procriação das espécies. Baseia-se nos princípios do culto ao Orí.

            No culto a Orí, podemos ver estudos que mostram as camadas energéticas que constituem nosso Orí. São inúmeras, porém, as principais são quatro – representando – respectivamente, todos os quatro elementos da magia e suas significações.

            A união de todas essas camadas, somadas com uma série de fatores, que englobam o nosso cotidiano, e até mesmo, a nossa genética material – são fatores que constroem o nosso Orixá.

            Tendo como base o culto ao Orí, vemos que nós, seres humanos, possuímos apenas um Orixá. Esse Orixá resume todo nosso perfil psicológico, qualidades e defeitos, entre outras coisas a serem postas em evidência. No, entanto, essas outras coisas já entram em mérito de um assunto que abrange Odú. Todos sabem que Odú é a programação comportamental, quase que genética a qual o Orixá se “padroniza”. Ou melhor... É padronizado.

            Com isso, por conta de nossa individualidade e ÚNICA CABEÇA, nós possuímos apenas um Orixá. Se nós possuíssemos mais de uma cabeça, ou tivéssemos pelo menos dupla personalidade, poderíamos dizer que temos dois Orixás, mas, logo seria uma tese descartada, perdendo automaticamente o lugar para a afirmação de que o “Orí está doente”.


Orí Mejí Existe?

            A questão sobre a duplicidade energética de um Orí – é realmente muito debatida. Há quem diga que Orí Mejí se trata de uma cabeça com dois Orixás (o caso de pai e mãe). Há quem diga também, que, Orí Mejí – é o templo caracterizado pela união de dois Orixás traçados por um mesmo Odú – gerando uma qualidade em especial e duas qualidades em comum.

            O culto a Orí é o primordial. Sem ele, nada seria possível: culto a Orixá, culto aos ancestrais, culto a natureza... Nada!

            O culto a Orí nos ensina que nós temos uma individualidade. Nós somos um (1). Nós somos únicos. Possuímos apenas uma (1) cabeça, um (1) cérebro... Logo, seria absolutamente impossível uma pessoa ter dois Orixás, ou então, dois Orixás traçados no mesmo Odú caracterizando duas qualidades em comum que gera essa suposta duplicidade.

            Então, para finalizar – podemos afirmar piamente que Orí Mejí é mito! Não existe. É invenção.


quarta-feira, 23 de março de 2011

História - Sociedade Candomblé Moderno


História do Movimento:
Sociedade Candomblé Moderno


         A Sociedade Candomblé Moderno começou (fevereiro de 2002) com reuniões presenciais entre amigos: Brad Pághanni de Oxalá, André Pinheiro de Ossaim, Gustavo Dias de Ogum, Yuri Guida de Oxalá, Rodrigo de Omolú e Soelan Delestre.

         Em dias marcados, todos esses amigos se reuniam na casa de Brad Pághanni com um único intuito: estudar o candomblé e a magia dos Orixás. Até então, o idealizador e organizador deste grupo estudantil (todos adolescentes entre 8 e 12 anos) – tinha apenas como base uma mãe-de-santo chamada Nilza de Xangô.

         Mais tarde, Brad Pághanni se dedicou à literatura afro-religiosa, estudando os mistérios de Ifá. Aos dezesseis anos de idade, Brad Pághanni já atraía pessoas ao jogo de búzios, pois já dominava bem os assuntos sobre Odús.

         Decidiu então, expandir esse universo por meio da digitalização. Criou então a Sociedade Candomblé Moderno de uma forma digitalizada (03 de agosto de 2008).

         Aos dezoito, Brad se dedicou aos estudos acadêmicos, automaticamente então, reduzindo seu tempo aos jogos de búzios. Passou a ser mais um estudioso que religioso.

         A SCM tinha como principal objetivo - o estudo sério e contemporâneo da religião, sempre tendo como forma basilar o pragmatismo.
A ideologia “Modernidade no Candomblé” se alastrou por diversos internautas do Brasil e em outros países.

Uns acharam inviável jovens implantar a modernidade ao candomblé. Outros gostaram.
A comunidade foi alvo de muitos preconceitos – devido à má interpretação de inúmeras pessoas ao ler os textos de Brad Pághanni.
Surgiu então a idéia de responder os tópicos da comunidade com tecnologias audiotelevisivas.

A comunidade cresceu e ficou falada por muitas pessoas, em diversas partes do Brasil.
As criticas e o preconceito ainda perduraram, por parte de pessoas que afirmaram pouca experiência de seu idealizador.
Este ataque não motivou de forma alguma a equipe parar seus trabalhos.
A comunidade expandiu então para duas páginas na Internet, com alguns colunistas.

Foi reconhecida e elogiada por grandes nomes do candomblé.
Expandiu então para Centros Culturais no Rio de Janeiro, onde foram realizados Workshops sobre o tema de respectiva comunidade. Com isso, a comunidade presencial abarcou mais sessenta estudiosos.

Hoje, a SCM é a comunidade de estudos dedicada ao candomblé conhecida em diversos países, e seus programas obtêm mais qualidade a cada dia que se passa.







        

domingo, 20 de março de 2011

Oferendas e Poluição Ambiental: Alto da Boa Vista

Oferendas ou Poluição?


- Por Brad Pághanni de Oxalá


            A verdadeira essência do candomblé está na natureza. As oferendas são feitas como uma forma de comunicação do homem com a natureza. Mas, será que essa comunicação tem limites? Há locais certos para se fazer uma oferenda? E mais... Há modo certo de se fazer uma oferenda?

            Uma comunidade virtual do Orkut chamada “Alto da Boa Vista” abriga um tópico chamado “Como Acabar Com as Macumbas no Alto”. Lá, um homem diz sobre o estado crítico de uma área protegida por ambientalistas (Alto da Boa Vista), onde, praticantes de macumba largam despachos com bichos podres e outras coisas desnecessárias.

“Não tenho absolutamente nada contra a macumba e os macumbeiros, mas do jeito que está não dá! Dezenas de urubus na carniça deixada pelos macumbeiros, um cheiro insuportável de bicho morto, uma porcaria só. Além de ter uma mendigada braba que vive das macumbas e das cachaças deixadas nela. O que fazer para acabar com essa lixeira a céu aberto?”

            Outra pessoa falou mais ou menos sobre outro protesto. A pergunta em pauta é: “O que fazer para acabar com essa lixeira a céu aberto?”
            Vejam à seguir...

            Homem diz: “Com outra macumba! Coloca um caixão aberto! A comunidade poderia fazer uma vaquinha. Compraríamos um caixão, colocaria um boneco dentro e uma placa, alertando as autoridades, sobre as macumbas postas todas as semanas. Garanto que a imprensa falada e televisionada apareceria. Assim, o poder público constituído começaria a se cocar”.

            Entre as últimas postagens, podemos observar outro homem dizendo:

            “O problema é muito mais sério. Se proibirem os macumbeiros de emporcalharem o Alto, logo aparece um sociólogo protestando, dizendo que é racismo, intolerância, xenofobia, etc. Deixo claro o meu repúdio a estes imundos. Porque não botam suas macumbas sob suas camas, dentro de suas casas?”

            Prestem a atenção neste vídeo:


            Realmente é uma questão lamentável. Iremos pesquisar para saber sobre esses ocorridos, e ver os dois lados (macumbeiros e não macumbeiros) para tirar esta história a limpo.



Programa 29

PROGRAMA:
SOCIEDADE CANDOMBLÉ MODERNO


            O Programa Sociedade Candomblé Moderno, é o primeiro programa fixo audiovisual da Internet – apresentado pelo Olukó Brad Pághanni de Oxalá.

            Surgiu de uma idéia simples: responder de forma mais precisa as dúvidas dos participantes da Comunidade Sociedade Candomblé Moderno e dos leitores de respectivo blog.  
Tem como principal objetivo - por em prática todos os assuntos do candomblé de uma maneira estudantil, científica e contemporânea, sem menoscabar a tradição.


sábado, 19 de março de 2011

Candomblé: Riqueza ou Pobreza?

Por Brad Pághanni de Oxalá

            O candomblé é uma religião genuinamente brasileira. Logo, podemos ver que essa mesma religião não possui tanto poder financeiro e reconhecimento em outros países em comparação com algumas religiões, como, por exemplo, o cristianismo.

            Os sacerdotes e sacerdotisas pregam que o candomblé é uma comunhão do homem com a natureza em formato de deuses: Os Orixás. Pregam também que o candomblé é uma religião de humildade.
            Mas, será que humildade é sinônimo de pobreza?
           
            Obviamente não, mas, infelizmente, muitos interpretam de forma errônea a questão que aborda a situação financeira do candomblé.

            Sinceramente, não há lógica em um terreiro que faz de seus freqüentadores – verdadeiros escravos, vivendo em meio à sujeira e outras formas que comprometam a integridade física e psíquica de seus freqüentadores, mas, concordo também que não há lógica quando vemos terreiros que cobram quinze mil reais por uma “feitura de orixá”.

            Mas, pegando essas duas questões: a da pobreza e a da riqueza no candomblé, afirmo com convicção que não há problemas em um candomblé rico. Com tanto que tal sociedade não explore de forma exorbitante seus fiéis.

            O candomblé – como todas as outras religiões, também progride.
            Foi tempo em que os fiéis aos Orixás – praticavam seus cultos em quilombos, senzalas, a luz de velas e escondidos – com medo de serem repreendidos. Foi tempo em que os fiéis aos Orixás comiam com a mão, andavam descalços – com riscos de contaminações entre outras doenças.

            Hoje em dia, podemos ver no candomblé, professores, advogados, médicos, e até mesmo pessoas sem estudo algum, ou status social elevado – que são felizes e mantém piamente a fé em seus Orixás.

            Não há problema algum em ter um chão limpo em uma casa de candomblé. Não há problema algum em um fiel adaptar alguns recursos atuais para facilitar a sua vida religiosa. Mas é claro, não em demasia.

            Um bom exemplo sobre o que estou falando, vocês poderão conferir no vídeo abaixo.


            “O candomblé em si é uma religião que tem muitos adeptos, muitos filhos. É uma cultura muito linda, muito rica. Orixá é festa, Orixá é prosperidade, Orixá é saúde, é fatura, é riqueza – ao contrário que muitas pessoas pensam (...)”.

            Particularmente, nós da equipe Sociedade Candomblé Moderno concordamos com todas essas palavras, e com toda essa ideologia. Gostaria de dar meus parabéns ao Pai-de-santo Márcio de Iansã – por mostrar que o candomblé tem um futuro descente.