terça-feira, 19 de abril de 2011

Como Saber Seu Odú: Numerologia é uma FARÇA!

Olukó Brad Pághanni de Oxalá


            É um tema interessante de se abordar porque ele é bastante difundido no candomblé. Entretanto, é pouco esclarecido.

            Para começar, vamos entender o que é Odú.
            Odú é o nome que se dá a um tipo de energia. Existem vários tipos de energias, com diversas funções. Quando falamos de Odú, estamos falando de algo bastante profundo – que é correlacionado à filosofia e a compreensão dos atos e da mente humana.

            Os Odús são a combinação dos quatro elementos do mundo da magia: terra, fogo, água e ar. Cada um desses elementos possui um significado, chamado de “Atributos”.

·        Terrarepresenta a materialidade.
·        Fogo – representa a força do movimento.
FORMA CORRETA DE VER ODÚ
·        Água – representa os sentimentos e as emoções.
·        Ar – representa os pensamentos e reflexões.

São basicamente 16 Odús, ou seja, 16 combinações básicas desses quatro elementos. A terra se funde com o fogo, e gera um Odú, se funde com a água e gera outro odú, e assim consecutivamente, até encontrarmos 16 combinações.

            Logo, cada Odú possui um significado, baseado nos significados primários de cada elemento. Depois de fundidos, os Odús recebem nomes específicos. Os Odús são:

            Okaram, Egiokô, Etáogundá, Iorossum, Oxê, Obará, Odí, Egionole, Ossá, Ofum, Worim, Ejilaxeborá, Ejiolobam, Iká, Obeogundá e Iretê.

            Só que é importante ressaltar uma coisa: essa ordem é Brasileira. Existem diversas ordens. Existe a ordem de Cuba, a ordem da Nigéria, que é a tradicional entre outras.

            A numerologia para descobrir os Odús é uma técnica falha. Vou explicar o porque.
            A numerologia nos ensina somar nossa data de nascimento, para obter o odú. Eu, por exemplo, nasci no dia 07/07/1990. Logo, somam-se todos os algarismos. Encontramos então o número 33. Mas, como o número 33 é um número que passa de 16 (quantidade de Odús), somam-se novamente os algarismos: 3 + 3 = 6. Um Babalawô brasileiro diria que eu sou do Odú Obará.

            Agora observem uma coisa interessante:

            Na ordem na Nigéria (tradicional), o número 6 não é Obará e sim Okaram!
            Oras! Então se eu fosse me consultar com um Babalawô de tradição Nigeriana, e se ele fizesse uma numerologia, eu seria de Okaram?

            Ué! Eu sou de Okaram ou de Obará? Logo, podemos concluir que a numerologia é um sistema falho.

            NUMEROLOGIA É UM SISTEMA FALHO quando se trata de Odú.

            Se você quiser saber o seu Odú, faça um jogo. Mas, um jogo real: búzios, ou ikim... Mas, para saber sobre odú, nunca opte pela numerologia!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

São Jorge e Ogum: Diferenças e Semelhanças


Olukó Brad Pághanni de Oxalá


            Dia 23 de abril nós comemoramos o dia de São Jorge, e em outros lugares, no dia 3 de novembro.
            Mas, espera aí! Porque as pessoas também cultuam Ogum neste dia?
Ogum ou Ògún - Orixá da Guerra
            É muito comum encontrar uma imagem de São Jorge em casas de umbanda, e até mesmo em casas de candomblé, não é verdade? Mas, porque isso? O que São Jorge tem haver com Ogum? O que é o Sincretismo Religioso no Brasil?

            As Respostas não são muito complexas. Vamos analisar...

            São Jorge é um santo católico. Ogum é um deus africano. São Jorge é um guerreiro. Ogum também é um guerreiro.

            São Jorge é um santo que supostamente nasceu na região da Capadócia e viveu como um padre e militar romano do exército do imperador Diocleciano. Ogum, nada tem haver com essa história.

            Mas, acontece que, na chegada dos escravos africanos ao Brasil, com eles vieram tradições, incluindo suas crenças. O povo trazido da Nigéria, mais conhecido como Iorubas, tinham como deuses os Orixás, e Ogum era um desses Orixás. Era venerado pelos escravos como o Deus da Guerra, pois seu nome significa “Senhor da Guerra” podendo variar para “Ologum”.

            Os europeus, cristãos colocavam regras para os escravos, e com isso, eles tinham que fazer o que era mandado. E paralelo a todos esses acontecimentos, os escravos foram proibidos de cultuar seus Orixás, pois, na visão do cristianismo, eles eram pagãos e estavam adorando a deuses inexistentes ou mundanos, ou até mesmo diabólicos, quando na verdade não.

Este é São Jorge
Surgiu então a “Literatura dos Jesuítas” que tinha como principal finalidade, a catequização, a conversão dos escravos para religião cristã. Porém, os escravos continuavam a cultuar seus Orixás, só que de forma escondida. Eles fingiam cultuar os santos católicos, quando na verdade, em idioma Ioruba, eles cultuavam seus deuses de tradição.

Passaram então a estabelecer semelhanças entre os Orixás e os santos católicos para enganar os europeus, como, por exemplo:

·                          Santa Bárbara – santa católica dos raios e trovões com Iansã – o orixá dos raios, ventos e trovoes.
·                          São Jorge – santo católico da guerra com Ogum – Orixá guerreiro.


E assim aconteceu com os demais Orixás. Os africanos passaram a cultuar os Orixás de forma escondida, dando origem então, ao fato histórico conhecido como “Sincretismo Religioso no Brasil”.

            Hoje em dia é possível ver imagens católicas em casas de cultos de descendência africana, devido à história do Brasil. Devido o sincretismo.

            Então, é válido ressaltar que Ogum não é a mesma coisa que São Jorge. É só uma questão de tradição!

            Muito axé para todos.


quinta-feira, 7 de abril de 2011

A RELAÇÃO DO FETO COM OS ORIXÁS

(Olukó Brad Pághanni de Oxalá)


Feto tem Orixá? Tem Odú? Onde entra Babá Ajalá nesta história? O que é Abiaxé e Abikú? Saibam aqui, no blog Sociedade Candomblé Moderno.


            Eu pude observar que essa é uma pergunta realmente muito curiosa entre as pessoas que praticam o candomblé.

            Antes de entendermos se feto tem Orixá, precisamos primeiro saber o que é Orixá.
            Orixá é o nome da energia da natureza adaptada à cabeça humana.

            A gravidez está ligada a diversos processos, todos correlacionados aos quatro elementos e suas significações. A ordem desses elementos são: terra, fogo, água, e ar. A terra, representando a materialidade, mostra conotativamente sua presença no ato sexual. O fogo representa o processo de evolução do feto, pois na magia, o fogo significa a força do movimento. Em seguida, a água – representada pelo líquido encontrado na bolsa – a qual o feto reside. Por final, o bebê recebe o ar... Assim quando nasce.

            Ifá nos ensina que um ser humano só mune seu Orixá – quando recebe todos os quatro elementos. Logo, ele só poderá receber o ar (não necessariamente o oxigênio); ao nascer (é quando ele tem a independência para respirar sozinho). Então, podemos concluir que – somente no nascimento, o ser humano recebe seu Orixá.

            É possível afirmar que, durante a gestação, o feto possui a proteção de Yiamí Oxorongá. Entretanto, é considerada uma proteção, longe do conceito que se refere à posse da cabeça.



Perguntas Freqüentes Sobre o Assunto:


            “É possível saber o Orixá do meu neném antes de seu nascimento?”

            - Não. Como podemos observar nos ensinamentos de Ifá, o neném só recebe seu Orixá ao receber influências energéticas dos quatro elementos. Podemos ver também, que a conclusão da recepção desses quatro elementos só é confirmada na hora do nascimento: a hora em que se recebe o quarto elemento (ar). É a hora exata em que o neném pode respirar por conta própria. Dar o primeiro suspiro por independência.





           
“Dizem que o neném recebe seu Orixá no ato em que ocorre a fecundação, pois Orixá é vida. Isso prossegue?”

            - Não. Existe Ikú: o Orixá da morte. Nem sempre o espermatozóide se desenvolve no óvulo, mesmo tendo acontecendo tal encontro. Houve então, de alguma forma, ausência de vida.


            “É possível receber nosso Orixá a partir do momento em que escolhemos nosso Orí perante a Babá Ajalá?”

            - Impossível. Primeiramente, isso é uma visão FIGURADA. Não é ao pé da letra. Se nós recebemos o Orixá ao receptar os quatro elementos, somente em condição humana podemos ter Orixá. Espírito não tem matéria. Logo, “não tem terra”.


            “Qual a possibilidade de existir um Abiaxé?”

            - A possibilidade é certamente nula. Diz-se abiaxé o neném que nasce feito. Se feto não tem Orixá, não existe a possibilidade de algo que não existe ser feito.


            “Se Feto não tem Orixá, porque existe Abikú?”

            - Ikú não se torna dono da cabeça de ninguém. Abikú é o adjetivo usado para aquele que quase morreu na hora do parto. Abikú remete à aproximação da morte, na hora em que ocorre a vida (nascimento). Esse fenômeno não atinge somente o neném. Pode atingir a mãe também. Quando a mãe morre, o neném é um Abikú, pois, na hora do nascimento, a morte de aproximou.


            “Criança de seis, sete anos, quando morre, é abikú?”

            - Não. Abikú é o adjetivo usado para aquele que teve a morte próxima na hora do nascimento. Somente na hora do nascimento. Há a probabilidade de atingir a mãe do neném.


            “Quais as principais características de um Abikú?”

            - Todos e quaisquer Abikús só são abikús porque tivera a morte próxima, bem na hora do nascimento. Então, a principal característica de um abikú e a “quase morte”. Essa “quase morte” pode ser causada por diversos fatores: má formação do feto, cordão umbilical enrolado no pescoço... Má posição... Há uma infinidade fatores que podem levar a morte na hora do nascimento.


            “Feto tem Odú?”

            - Parcialmente sim. É na formação do feto que o Odú se desenvolve.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Programa 30