quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Zé Pelintra não é Exú, Mas é Egum!

Olukó Brad de Oxalá


Antes de tudo, gostaria de dizer que, fiz uma pesquisa com pessoas de umbanda e de candomblé, e constatei que muitos acham que se diz e se escreve “Pilintra”, quando na verdade é “Pelintra”. Então, vamos tirar o “Pilintra” e o “Candombré” do nosso vocabulário.



         Certamente, quem está lendo esta postagem já ouviu alguém mais velho dizer que Zé Pelintra não é Exú.

         Realmente seu Zé Pelintra não é Exú Ayièkùrù, mas, tecnicamente falando, nada difere Zé Pelintra de um Ayièkùrù a não ser o aspecto histórico.

         O que são os Ayièkùrù? (Bato direto nesta tecla. Clique aqui para ver o vídeo que eu falo isso).

         Nada mais, nada menos que os ancestrais que vieram da Europa para o Brasil no Século XVI – e passaram a ser cultuados há pouco mais de cem anos com o nascimento da Umbanda.

         E, o que são os Eguns?
         A tradução literal para a palavra Egum é “osso”. Mas, não necessariamente porque o cara morreu, apodreceu e virou osso.
         A palavra “Egum” foi remetida a conotação para explicar que os nossos ancestrais são parte da estrutura de todos nós, assim como os OSSOS são do corpo humano.

         Então, quando falamos “Egum”, estamos dizendo conotativamente “Ancestral”.

         Logo, tiramos conclusões que, Zé Pelintra (e não Zé Pilintra) é um ancestral assim como Tranca-Ruas, Maria Padilha, Exú Caveira. Entretanto não é considerado um Exú.

         TODOS OS EXÚS SÃO EGÚNS, MAS NEM TODOS OS EGUNS SÃO EXÚS (apesar de “Ayièkùrù” significar “Aquele que mora na terra mesmo depois da morte”).

Mas, isso é assunto para outra matéria.

         E para finalizar a matéria, vocês sabiam que, inicialmente os vulgos “Exú” ou “Povos de Rua” eram chamados de “Padrinhos e Madrinhas”?

         Fica aí então uma curiosidade para quem não vivencia ou nunca vivenciou a umbanda.

Forte axé para todos.


O Que é “Qualidade de Santo”?

Olukó Brad Pághanni de Oxalá

Particularmente, “qualidade de santo” é uma expressão execrável que deve ser extinta do candomblé o mais rapidamente possível. Mas, porque eu digo isso? A resposta é: pelo simples fato de não existir “qualidade de santo”. Para quem ainda não conhece o candomblé, ou está entrando agora, as “qualidades de santo” só vão embolar as cabeças dessas pessoas.

Vamos colocar, por um exemplo, o Orixá Oxum.
Oxum é Oxum e ponto final.

As chamadas “qualidades de santo” nada mais são que nomes ligados a certos títulos desses Orixás.

Ex.: Eu sou BRAD.
Minha mãe me chama de FILHO.
Meu amigo de chama de CAMARADA.
Meu filho me chama de PAI.
Fulano me chama de QUERIDO.
Ciclano me chama de MAGRINHO.

E por aí vai... Eu não deixo de ser Brad. Só tenho diversos títulos.

E, como nós podemos saber que títulos são estes?
Estudando os itãs!

E, onde são baseados estes itãs?
Itãs são lendas baseadas nos Odús e nos Omóodús. Não aconteceram de verdade! Válido frisar isto: não aconteceram de verdade.
Os itãs foram métodos filosóficos para que os adultos ensinassem aos pequeninos, na antiga Nigéria!

As “qualidades de santo”, na verdade, podem ser resumidas em: Orixá passando por determinado caminho, ganhando um certo comportamento.

Ex.: Oxum passando por Ojíogbé Irètè.
Neste caso, o Orixá oxum ganha um comportamento versátil, entre a intelectualidade e a arte de guerrear. A arte de usar o facão.
E que título Oxum receberia ao passar neste Omóodú?
Não sei e pouco me importa saber! O que interessa é saber a energia de determinado Orixá passando por determinado Odú, para que você possa trabalhar essa energia obtendo êxito.

Simples, não?!

Outra coisa que gostaria de falar é que: todos os Orixás passam por todos e quaisquer Odús. Literalmente!

Então, meus caros... Não se foquem nessa preocupação em saber o que é Oxum Opará, Oxum Ejímún... O que importa é saber em que Odú aquele Orixá está passando.

Seria essa a explicação mais breve e direta sobre a expressão vulga “qualidade de santo”.

Como Fazer do Candomblé Uma Religião Mais Feliz

(Olukó Brad de Oxalá)

Não é tão difícil ver alguns adeptos do candomblé reclamando e se queixando de uma determinada casa de santo, ou de um determinado sacerdote ou sacerdotisa e suas ações. Também, não só no candomblé como em outras religiões.

Qual seria o motivo dessas confusões e descontentamentos?
Haja vista que – a resposta mais coerente e lógica seria a justificativa de que os seres humanos são falhos. Mas, essa afirmação não se enquadraria em uma sofisma barata?

Pois bem... Acabemos então com esse costume de tampar o sol com a peneira:
O candomblé, em seu aspecto negativo, assim como outras religiões... Caracteriza-se pela disputa interna e externa – respectiva aos seus conhecimentos fundamentais e intelectuais.

Mas, qual foi o ponto que originou essa negatividade?
Nada mais, nada menos que – a má interpretação daquilo que conhecemos por “Religião”.

Amigo candomblecista... Analise comigo:
O que você busca em seu terreiro?
O que você busca em seu pai ou mãe-de-santo?
O que você busca no Orixá?

Certamente você acabou de responder ou imaginar “conhecimento”; ou então “sabedoria”.
Fiz uma pesquisa e, constatei que, a maioria das pessoas que praticam o candomblé, ao ouvirem esta pergunta responderam essas duas coisas.
As pessoas que responderam “felicidade” ficaram em segundo lugar, tendo apenas a minoria que respondeu: “paz de espírito”.

Este é o ponto fundamental onde quero chegar: “paz de espírito”.

A busca pela paz de espírito dentro do candomblé é uma das soluções para que essa religião possa progredir... Possa seguir positivamente.

Você que vai ao terreiro buscar saber sobre “o que Oxalá come” ou “qual itã de odú diz sobre exú ser guardião das porteiras” – não está errado. É importante saber sim sobre os fundamentos.

Mas, o principal é a busca pela sabedoria de vida. A troca de experiências correlacionadas a vivências.

Mas, sabedoria de vida não se aprende vivendo? Somente vivendo?
Sim! Exatamente! O candomblé é uma vivência, e, nada custa aprender com o próximo – sem dogmas, sem regras, sem “isso não pode”; sem “você não pode”.

Vamos acabar com isso, irmãos candomblecistas!
Essa competição desnecessária. Essa fome de querer dizer que as pessoas estão erradas, ou que estão doidas.

Essas coisas só acontecem pelo fato de nós, candomblecistas, querermos competir a nível sabedoria e cultura. Não é para isso que o candomblé serve. Não é nessa linhagem que o candomblé funciona!

Eu canso de ver pessoas criticando a roupa de tal Orixá e outras coisas mais.
Tudo bem que, não devemos nos contentar com marmoteiros e pessoas que usam a religião e a fé dos demais para benefício egocêntrico. Concordo que não devemos nos conformar com esse tipo de gente.

Mas, nós, pessoas do bem, devemos trabalhar o lado positivo da coisa.

Vocês sabem como um psicólogo cura alguém com auto-estima baixa?
Ele não tenta buscar o porque a pessoa está assim. Ele sabe que – quando mais meche, mais dói, e mais risco o paciente tem. Ele não trabalha o lado ruim para tentar curá-lo.
Então, o psicólogo trabalha as virtudes do seu paciente. Ele trabalha tudo aquilo que o paciente tem de bom, e faz com que esse paciente enxergue o mundo com outros olhos – sejam olhos comuns ou olhos otimistas.

Então, esta é uma das chaves para um candomblé melhor.
Devemos trabalhar o lado positivo dessa religião. Assim, automaticamente, o lado negro e obscuro simplesmente desaparecerá. Com um tempo, é claro.



sábado, 13 de agosto de 2011