segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O Conto do Jovem Toby



Jovem, filho de pais ricos – tinha tudo o que queria. A primeira vez que saiu de seu país tinha quatorze anos. Foi para conhecer a Grécia. Experimentou as suas tradições e depois voltou para seu país.
Aos dezesseis, viajava o mundo inteiro. Culinária chinesa ele conheceu, dança russa ele apreciou. Filosofia japonesa ele compreendeu. Montanhas mais altas ele escalou. Ondas gigantes ele surfou.
Experimentou como é falar várias línguas. Ou, pelo menos tentou. Teve ideia de cada idioma.
Conheceu lindas garotas. Namorou várias delas. Gostou mais das tchecas. Amou a arquitetura turca. Viajou muito. Muito mesmo.
Pensava ele aos vinte que tudo sabia. Sim, conhecia mais coisas que seus amigos. Mas, sua prepotência lhe traçava um perfil: o da infantilidade.
Um dia, seu avô lhe convidou para conhecer o interior de uma cidade. Foi de caminhonete velha até lá. Ele viu pastos e vacas, porcos e galinhas. Subiu ele num monte, bem alto. De lá viu uma praia, pequena praia.
Desceu o monte em direção a ela, e chegando lá, na beira do mar, sentiu a água gelada nos pés. Olhou para os dois lados e pensou o quanto o lugar era bonito.
Não havia casa, não havia comércio. Só havia natureza.
Percebeu, ele que – no silencio – muitas respostas se encontraram.
Agachou e pegou uma estrela-do-mar. Olhou bem de perto e sorriu. Olhou cada detalhe do animal. Depois olhou para o céu cinzento e fechou os olhos. Deixou que o vento fluísse por seus cabelos lisos, e seu rosto ser lavado pelas gotículas de chuva.
Olhou para o horizonte e pensou. Concluiu que em lugar nenhum do mundo, de todos os lugares que viajou – achou um lugar tão bonito, singelo e harmonioso.

Moral: Podemos viajar por todo este mundo. Experimentar de tudo. Sempre haverá uma praia que não conhecemos, e que jamais imaginamos sobre sua existência.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O QUE É CANDOMBLÉ?




Uma Visão Diferente Sobre o Candomblé

Não sou o rei da verdade, mas, proponho aqui nesta postagem uma nova visão que podemos ter sobre o candomblé. 
Para ler este texto é necessário saber que: há formas e formas para ampliar os horozontes. Eu sigo uma ramificação filosófica. Talvez você siga outra, mas isso não significa que eu condene a sua forma de crença e sua fé dentro do candomblé. 

Tudo o que você viu e viveu no candomblé – por favor – não esqueça, jamais! O candomblé, assim como todas as religiões, sofre mutações para sua sobrevivência. Essas mutações têm como objetivo, a prevalência da religião adaptada aos tempos – atendendo a todas as necessidades da sociedade religiosa, sem se afastar do mundo e da coerência que a atualidade exige.

Não encare mais o candomblé como uma doutrina absoluta. Os Orixás não são absolutos. Fazem parte simplesmente de uma crença – a qual seus adeptos enxergam o poder se materializando através de ações aplicadas anteriormente, exalando como resultados de doutrinas e dogmas sistemáticos. Têm como fundamento principal, o domínio do psíquico e a manipulação das ferramentas para as execuções desejadas.

Os egípcios acreditavam em seus deuses. Os astecas acreditavam em seus deuses. Os nórdicos acreditavam em seus deuses. Os indianos acreditavam em seus deuses. Todos eles possuem uma semelhança: a crença. E todos eles possuem uma diferença: os deuses.

O dia que você chegar para um Japonês de raiz, tradicionalíssimo e perguntar para ele: ‘o que Ogum significa em sua vida?’. Certamente ele responderá que não conhece ou então: ‘nada, não significa nada’.

Se você chegar para um angolano e perguntar para ele: ‘o que Ganesha significa em sua vida?’. Certamente ele responderá que não conhece do que se trata ou então: ‘nada, não significa nada’.

Se você chegar para um mulçumano e perguntar para ele: ‘o que Afrodite significa em sua vida?’. Ele poderá responder que não sabe ou dirá que não significa nada!

Agora, imagine toda Europa. Vamos dar um pulo para Amsterdã - Holanda. As pessoas andam de um lado para o outro, em suas bicicletas. As deixam em um estacionamento gigantesco, com mais de três mil bicicletas. Andam mais um pouco até chegar à estação de trem. Elas pegam o trem e veem toda aquela paisagem esbranquiçada de neve. As casas são bem ao fundo porque os trilhos são em relevos. Ainda na Holanda, vamos dar um pulo para Keukenhof. Imagine você dirigindo pela beira daquela estrada com as plantações de tulipas que há por lá. A maioria é amarela. Plantações quilométricas. Com tanta neve e com tantas tulipas, as pessoas pensam como vai ser o dia de trabalho. Elas olham pela janela. Elas estão preocupadas se as tulipas vão morrer ou se um vândalo vai destruí-las. Elas estão preocupadas com a conta do banco ou, com o filho que namora uma garota esquisita. Estão preocupadas com suas churrasqueiras: elas esqueceram no quintal faz uma semana e agora nevou!

Vamos fazer uma viagem para Rússia. As pessoas estão vendo ballet. Elas estão vendo ‘O Lago dos Cisnes’ e estão tentando associar os passos com a verdadeira e tradicional história.

Vamos dar um pulo para a Universidade de Oxford. Os alunos estão preocupados com o dia de uma apresentação! Eles terão que falar sobre a política republicana.

Vamos dar um pulo na Espanha. Agora na Irlanda. Agora na Indonésia.

Pense comigo: o que essas coisas têm a ver com o candomblé?

A resposta é simples: nada!

A Irlanda não sabe o que é Yiá-Mi, a Angola não sabe o que é Ganesha, a Austrália não sabe o que é Thor, nem o Canadá sabe o que é Kukulkán.

Porque eu os levei para dar a volta ao mundo? Pra vocês verem que não é só o Brasil e Orixá que existe. Orixá não é absoluto. Pode ser absoluto dentro de você, dentro do seu Orí. Pode ser absoluto para seu Bára, para seu Odú, mas não no mundo.

Obama é um dos caras mais bem sucedidos do planeta! Nunca ascendeu uma vela para seu Orixá.

Chuck Norris? Pode ter certeza: ele não é filho de Ogum, porque na cabeça dele, Ogum não existe ou não significa nada.

Mas, Brad, você está menoscabando o candomblé?

Não, é claro que não! Só estou mostrando as possibilidades que existem.

Orixá e candomblé são crenças. Crenças!

Ainda sim, Orixás existem? Sim! Porque existem dentro de nós, dentro de mim e dentro de você.

Mas, Brad, Orixá é natureza. Eu existindo ou não a natureza existe.

Sim, a natureza existe. Mas ela só é deus se você a respeitar como tal. E é o que nós, praticantes de candomblé fazemos: respeitamos a natureza como deus. Isso engloba o ser humano, porque todos os humanos também são deuses.

Pra quem não sabe, no mundo da filosofia – conhece-se o ceticismo como um objeto de visão direta: o cético olha uma pintura, uma tela com uma flor. Ele só vê a flor e não vê além. Não vê o que o artista tentou passar. Para ele só há uma flor e mais nada. Isso se chama ceticismo.

O ceticismo pode se encaixar em diversas modalidades: religião, artes, filosofia... Etc.

Indo um pouco além...

O que é Orixá?

Teoricamente – são os deuses do candomblé. São associados a natureza e cada um possui uma característica, o que diversifica o panteão e seus seguidores.

Mas, orixá é só isso?

Não. Orixá tem algo mais profundo. A tradução de Orixá provém de Orí (cabeça) + Ixá (anjo guardião). Portanto, Orixá = Anjo Guardião da Cabeça.

Existe um Orixá chamado Orúnmilá – o Orixá da sabedoria. Ele nos diz que temos um Orixá protegendo nossa cabeça (de forma mais simplificada). Ele diz que quando nascemos, recebemos esse guardião de imediato.

Na verdade essa visão é distorcida. Não recebemos o nosso Orixá de imediato! Recebemos ao longo de nossas vivencias. O nosso orixá é o nosso conjunto de características boas e ruins, somadas com tudo àquilo que vivemos, presenciamos, vimos, ouvimos, fazemos, sentimentos. O ser humano é como um filme de máquina fotográfica: ao se conectar com a luz, ele queima e toma forma.

Se essa crença de que recebemos o Orixá de imediato, na nascença fosse verdadeira, nas antigas tribos africanas não se cultuaria apenas um Orixá para todos os integrantes da tribo. O culto e a adoração eram em massa e não somente singular. Antigamente, quem nascia na tribo de culto a Ogum, era filho de Ogum – sendo homem ou mulher. Na tribo de culto a Xangô? Todos eram filhos de Xangô – sendo homem ou mulher.

O principio da individualidade de culto só existia quando se tratava de culto a Orí.

Mas, Brad, você ainda não explicou ao certo o que é Orixá! Diga-me! Por favor, quero ver se concordo...

Tudo bem. Vamos saber primeiro três conceitos superimportantes para que saibamos o que realmente é Orixá.

Gravem estes nomes porque depois trabalharemos com eles:

- Iwa Edá

- Axé Oluwá

- Orixá

 

Vamos ao primeiro caso:

Se imagine neste exato momento: você está em uma cachoeira, na beira de um rio, e põe a ponta do pé n’água. Está gelada e você sente a correnteza passando. Depois você sobe o alto da montanha. Lá venta tanto que você não consegue ouvir absolutamente nada a não ser o vento. Ainda lá em cima, você está pegando uma folha de boldo e a leva a boca. Você mastiga e sente o gosto amargo. No outro dia você vai à praia. Sente a areia, o sol pelando, as ondas do mar. Perceberam alguma coisa em comum entre todas essas ações? Você teve contato direto com a natureza. Você encostou sua carne diretamente na natureza e seu psicológico produziu uma informação.

A natureza em si, e aquilo que você sentiu ao tocá-la tem nome: Iwa Edá.

 

Vamos ao segundo caso:

Você vai a um presídio. Sim, um presídio comum, um prédio de detentos infratores...

Lá você sente algo ruim. Por ali circula: solidão, arrependimento, desespero, raiva.

Você vai a um circo... Lá você ri, acha graça, se diverte.

Você arruma um novo amor... Você está apaixonado, está vidrado na pessoa, você a ama, quer o bem dela...

Ao longo da vida você:

Um dia ama

Um dia odeia

Um dia ri

Um dia chora

Um dia tem senso de justiça e outro dia você comete injustiça.

Perceberam alguma coisa em todas as ações deste segundo caso? Algo de semelhante entre elas?

Todas estas emoções e filosofias que vem a sua cabeça e ao seu coração, em determinado lugar ou situação – são coisas adquiridas ao longo da vida. São coisas abstratas que movimentam a matéria. As pessoas fazem e você sente. Você sente e depois faz, e as pessoas recebem isso. Elas sentem e fazem e outras pessoas sentem e fazem e por aí vai. É um efeito dominó. É uma cadeia alimentar...

O nome dessas coisas abstratas que movem a matéria é: Axé Oluwá – ou seja – força superior.

Tudo o que você viu, você pensou. Tudo o que você pensou, você sentiu. Tudo o que sentiu, de alguma forma agiu. Essa sequencia é a soma de Iwa Edá + Axé Oluwá – que resultam no que você é: seu Ori protegido por uma essência Ixá = Orixá.

Orixá é o terceiro caso.

Orixá mora dentro de nós. Ele não incorpora num xirê. Na verdade ele EXALA de nós. Ele se manifesta. É realmente uma coisa existente. Não é algo que vem de fora e toma conta de seu corpo. Não é algo que não se tem certeza sobre a sua existência. É o seu corpo que põe pra fora todo o Iwa Edá e Axé Oluwá, juntos – em sincronia perfeita.

A forma como você vive e enxerga as coisas já é parte de Odú. Você não é dominado por seu Odú a seguir determinado caminho. Você pode escolher entre pegar um carro ou uma moto. Você tem livre arbítrio. Você manda em si.

Você pode escolher se dorme a noite ou se dorme ao dia. Seu Odú não é um programa. Não é um software que programa como você deve ser. O odú se remete mais ao passado e ao presente que ao futuro. O futuro é só a consequência.

Quando você morre, seu Orixá morre junto com você. Não há possibilidade alguma de herança de Orixá. Você morreu? Acabou! Morreu, está morto, e seu Orixá foi junto com você. Acabou!

É como uma árvore. A nível vida, que diferença temos de uma árvore? Nenhuma, porque ambas são vidas. Quando a árvore seca e morre, ela não renasce. Ela morreu, ficou madeira podre e os cupins a devoraram. Se nascer outra no lugar, essa segunda árvore é outra e não será a mesma que morreu. Uma é uma e outra é outra.

É assim que acontece com o ser humano.

Mas, Brad, você não está sendo cético e radical demais? Não está sendo ateu?

Não! Estou sendo realista.

Mas, se a pessoa morre, e acabou tudo, como fica o culto à ancestralidade?

A PESSOA MORRE, E O ESPÍRITO MORRE. A ESSÊNCIA DA PESSOA FICA. É EXATAMENTE ISTO QUE SE CULTUA.

Isso é muito simples de resolver:

A religião nasceu no tempo das cavernas. Na idade da pedra lascada. Os nômades temiam a natureza e os grandes animais. Eles não podiam dominar e nem prever um terremoto, ou maremoto, ou a erupção vulcânica... Eles não tinham armas sofisticadas para caça. Tinham que enfrentar a natureza e os grandes animais.

Com um tempo, eles foram melhorando as suas técnicas de caça e aprenderam mais sobre os fenômenos naturais – sobrevivendo então mais tempo.

Os caçadores sempre vestiam as peles dos animais. Vestiam colares feitos com dentes para mostrar poder, bravura, força. Vestiam peles de animais para se camuflar e calçar ainda mais. Eles derrotavam tribos inimigas que podiam oferecer algum tipo de risco como o roubo da comida, das paramentas, das roupas, das garotas; covardia com os velhos e crianças. Eram os cabeças para guiar a tribo. Planejavam moradias e tudo mais. Eram os líderes das tribos no sentido geral. Isso fazia com que toda tribo os respeitassem. Na morte deles, eram reverenciados e homenageados. Acreditavam de alguma forma que sua essência ainda estava ali, porque seus vestígios deixados durante a vida – foram os ensinamentos e benfeitorias.

Mas, na verdade eles morreram. Acabou.

Daí nasce o culto à ancestralidade. É o culto mais antigo do planeta!

Brad, você acredita em reencarnação?

Não.

Brad, você acredita na incorporação dos espíritos de pessoas que já se foram

Não.

Brad, você acredita em psicografia?

Não.

Brad, você está na religião certa?

Sim. Eu acredito no respeito e na reverencia aos antepassados e não em suas permanências.

É o caso da umbanda. O que trabalha na umbanda são as energias emanadas pelas pessoas que estão ali. A fé se juntou e formou o culto aos vestígios dos que já se foram.

Os que morreram não voltam mais. E nem incorporam. Eles estão mortos.

Tudo o que se pode fazer é reverenciar e homenagear. Eles não voltam e nem incorporam. Estão mortos.

É cruel dizer isto? É! Mas, é coerente. É sensato.

Candomblé é uma cultura onde se há uma crença: individual que precisa ser mais bem trabalhada em massa.

 

Candomblé é o culto a natureza.

É a reverência aos ancestrais.

É a adoração ao próprio Orí.

É a filosofia da procura do bem-estar.

É a procura pela felicidade e paz de espírito mundial.

 

Brad Pághanni de Oxalá.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Itàn (lenda) de Olukekeregún (Odú Ògúndá Obará)





Olukekeregún, nasceu ele numa tribo distante, um garoto cujo pai se fora num conflito. Sua mãe o criou mesmo sendo punida por seu orí burukú. Em sua juventude aflorada de disposição e sonhos, partiu para outras tribos, em busca de conhecimento de sobrevivência, pois sua mãe que o criara e o fizera sofrer partiu.

Sua vista começou a ficar irritada. A estrada de terra era varrida pelo vento, além de ser desconhecida. Parou e se sentou debaixo de uma árvore frondosa. Instantes depois, passava um homem com barulho de ferros se chocando, pendurados em sua cintura e outras partes do corpo.

O garoto observava o homem a medida que ele se aproximava. Então perguntou o garoto se, aquela estrava o levaria a outra tribo.

O homem disse que todas as estradas que ele seguisse ele encontraria uma tribo.

O garoto indagou sobre qual seria a melhor tribo a seguir em direção. O homem retrucou perguntando sobre o objetivo dele, e o garoto respondeu, crescer como homem.

Aquele homem se apresentou como Ogum, lhe deu uma espada e disse para seguir aquela estrada que mais agradasse sua vista. A que fosse mais bonita. E depois foi embora.

Todas as estradas pareciam ser iguais. Estavam imantadas de poeira e muito vento.

Chegando a uma determinada tribo conhecida como Egbé Awò, viu que tudo era mais difícil do que ele pensava.

Pra comer era difícil. Também para morar, se comunicar, se vestir, crescer. Em Egbé Awò tudo era difícil, porque tudo era baseado na verdade e no dogma.

Aprendeu muita coisa, e mudou muito sua visão sobre as pessoas.

Aprendeu que não deveria confiar em ninguém, apesar de gostar das pessoas. Aprendeu que quando adulto, tudo vem por mérito próprio e que a consequência disso é a riqueza material e humana.

Quando maduro, passava ele por uma estrada quando viu um garoto sentado debaixo de uma árvore frondosa. Olukekeregún lhe deu uma espada.





sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dádivas de Deus e a Criação


- por Brad Pághanni de Oxalá



Tudo era nada e nada era tudo

Eu estava de olhos fechados

Mas eu nem olhos tinha

Estava sentindo que eu era criado

Estava sentindo mesmo sem ter coração

Estava sufocado ser ar

Mesmo sem ter pulmões

Fez-me uma célula que se multiplicara de forma veloz

E essa multiplicação tomava forma

Então,

Oxalá me deu braços para trabalhar

Oxalá me deu pernas pra andar

Oxalá me deu face para ser identificável

Oxalá me deu língua para fluir coisas boas

Oxalá me deus olhos para compreender

Oxalá meu deu narinas que eu não tinha

Oxalá criou em mim um órgão genital para continuar seu trabalho de criação, e nele, prazer - para não ser chato.

Oxalá me deu todas as partes do corpo

Oxalá meu deu Bára

Oxalá me presenteou com Orí pra continuar com seu trabalho de criação

Oxalá me presenteou com tempo, para continuar seu trabalho de criação

Para um dia me agradecer com Ikú





A criação é algo que não se entende e nem se sente. É fora de tudo aquilo que imaginamos, porque vem as dádivas, o trabalho os presentes e o agradecimento com a morte.

Criados para viver,

Mortos para eternizar.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Importante e o Boçal



- Brad Pághanni



Você sabe das coisas que mais gosto no candomblé? São os espaços presenciais e virtuais onde eu possa aprender alguma coisa sobre a vida. Gosto daquelas pessoas mais velhas que orientam sobre como agir com aquilo que a gente sente. Gosto daquilo que nos impressiona, como uma criança que brinca e conversa com um erê - sem se preocupar se ele é entidade ou não. Gosto da paz de espírito. É o que mais gosto na vida, paz de espírito.



E o antônimo disso tudo é que eu odeio ter que odiar. São espaços onde você é iludido, acreditando que fundamento é saber quantos tomates, pepinos e abacaxis você tem que oferecer pra alguém com algum propósito fútil (enquanto você mesmo pode pensar e resolver sozinho). Um lugar que você canta em outra língua, tudo errado e que não tem tradução.

Detesto aquilo que me impressiona, também: um adulto conversando com um exú, preocupado só porque ele é uma entidade. Detesto preocupação boçal. É o que mais detesto na vida, preocupação boçal.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Como Vencer Seus Problemas Praticando o Candomblé


- por Brad Pághanni de Oxalá




No candomblé não existe um livro ou algo semelhante à bíblia que determine como os cultos devem ser executados, mas, existem estudos que nos ensinam muitas coisas. Um dos principais estudos, além dos fundamentos de Ifá é a faculdade da vida. Aprendemos muita coisa quando passamos a observar mais as questões que envolvem nosso ciclo social.



Primeiramente, devemos saber que o candomblé é uma religião. Para quem não sabe, a palavra "religião" descende de "religare" - que tem como conotação "religar-se a Deus".

Todos os religiosos de qualquer religião acreditam que um ser supremo criou tudo e todos, dentro e fora do planeta. Depois de transformados em carne, nós, seres humanos, tivemos a necessidade de encontrar a Deus, sem nos desligar-mos da matéria. Então, nasce a religião (entre outras, inúmeras questões que fizeram tal nascer).



Praticar o candomblé da forma correta é procurar a Deus. Procurar o grande Deus criador de tudo - Olodunmare - e ao nosso Deus interior - Orí.

Nunca pense que você vai entrar para o candomblé e que seus problemas vão acabar, porque não vão. Antes de qualquer coisa eu aviso logo: você vai entrar para o candomblé e a sua vida vai continuar com os problemas. Mas, virá uma "pequena grande" diferença: você vai aprender a lhe dar com eles para que novos problemas apareçam.

É isso mesmo! Parece que não por conta do folclore que as pessoas fazem. "Customizam o pavão" ao dizer que tudo é feito com ebó, e num passe de mágica este mesmo "tudo" se resolve.



Eu costumo comparar os problemas de nossas vidas com pesos de academia. Quando você entra pra academia, você começa a pegar um peso pequeno, de quatro, cinco quilos. Depois você aumenta para sete, dez, quinze e por aí vai... Até que você se dá conta de que está pegando um peso muito grande, e ao mesmo tempo você está forte, robusto. Está aguentando pegar pesos surpreendentes, e, quando olha pra trás, você que valeu a pena se esforçar e achar que quatro quilos era muito. E, principalmente, reconhecer que aqueles quatro quilos, comparados aos trinta que você suporta fez parte do seu crescimento e que hoje em dia você tira isso de letra.

Os problemas nunca acabam. Sempre surgem mais, e, a medida em que você vai crescendo, os problemas são ainda mais pesados.



É aí que as pessoas começam a te notar. Muitas vezes você vai ouvir que "você nasceu com a bun** virada pra lua" e vai rir, porque, aquelas pessoas que dirão isso não fazem idéia do quanto você lutou e ainda luta para ser o que é.



Outra coisa muito importante é observar que, tudo que você passa na vida, você absorve, e então, seu caráter no futuro estará à moldura da sua vida no passado. Por isso é muito importante que você saiba por onde andar, com quem andar, o que fazer. É preciso ter visão para enxergar o foco. Você tem que ter meta, objetivo, e saber que - nada deve interferir nos seus planos, porque você já pegou, suportou pesos maiores ou similares.

Quando você anda por lugares ruins e com pessoas ruins, você absorve um pouco daquela essência. Aqueles costumes ou manias farão parte de você. Por isso que é muito importante você evitar lugares e pessoas negativas. Caso contrário, acabará que nem elas.



Vou explicar isso de uma forma ainda mais convincente e compreensiva:

Nossa alma, filosoficamente e "yorubamente" falando é constituída pelos quatro elementos: terra, fogo, água e ar. Cada elemento tem uma representação:



Ar - Pensamentos e Reflexões

Água - Sentimentos e emoções

Fogo - Atitude e força do movimento

Terra - Tudo o que há de material



Quando você anda por um lugar bom com pessoas boas ou o antônimo de tudo isso, acontece o seguinte processo:



1 - Você olha tudo aquilo e pensa, reflete (ar).

2 - Aquilo entra no seu coração e você sente (água).

3 - Aquele sentimento gera em você uma ebulição, e você acaba agindo consciente ou inconscientemente (fogo).

3 - Sendo bom ou ruim, vai ter um resultado (terra).



Quando você olha, você pensa, e quando você pensa, você sente, e quando você sente, você age, e quando você age - geram-se vários resultados que por sua vez - formarão seu caráter no futuro (sua alma única e mutável).



Então, aprenda com tudo que você passou, e nunca se faça de coitadinho, porque essa é a pior coisa pra quem deseja ser um vencedor. Se você está pegando um peso grande, significa que você suporta pegar esse peso. Significa que você tem força e músculos e que você é grande.

Ande com pessoas que vão te acrescentar em alguma coisa (em sua pessoa, íntima).

Faça tudo aquilo que você poderá tirar bom proveito, colher bons frutos.

É impossível plantar laranja e colher maçã.



Assim, você vencerá todos os problemas que aparecerão e crescerá muito,





Muitos, mas muitos problemas, é o que eu desejo pra você!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Reclamando de Barriga Cheia? Isso Não Existe!




Muito se fala sobre "chorar de barriga cheia". Será que esse ditado é uma roupa que veste bem em muitos, ou será que este ditado não passa de um clichê de direita ou, sentimento semelhante a se conformar com o fracasso ou objetivos não alcançados? Será que está relacionado à economia, onde os patrões do século XX tinham de ter um contexto para seus empregados trabalharem muito e ganharem pouco? Ou será fruto de uma subjetividade filosófica ao tentar decifrar os mistérios das desigualdades sociais e do misticismo nas questões sorte x azar?

O fato é: não existe "chorar de barriga cheia". O que existem são variações de realidades. Ao mesmo tempo em que vivemos num mesmo mundo, vivenciamos realidades diferentes, pois, quem faz a realidade não é o mundo, e sim, a individualidade de cada Orí.
A pluralidade é subjetiva e a individualidade é inalienável.
O individual é o atributo berço do verbo diverso, ou seja, sem realidade íntima, não há pluralidade - a qual as pessoas pensam errôneamente ser a própria realidade.

Eis que surgem mais pensamentos em comum sobre o "chorar de barriga cheia":

"Olhe a sua volta, você tem tudo".
"Olhe a pessoa ao seu lado. Ela não tem uma perna".
"Olhe aquela pessoa! Ela passa fome e você tem o que comer".

Comum! Muito comum isso tudo.
Mas, porque não parar e pensar sobre a possibilidade do choro ser por alguma necessidade pessoal?
Parece ridículo uma mulher se sentir gorda com 3Kg acima do peso? Parece, mas não é.
Parece ridículo uma pessoa reclamar que está cansada de comer carré? Parece, mas não é!

Sua realdiade é uma. A realidade do outro é outra.

As pessoas têm objetivos a serem alcançados. E quando acontece de aparecer alguma frustração e a mesma ser expelida - outros fazem um check-up de todos os tópicos da sua vida, e comparam o que você vive com a vida dos outros.
Então, lhe conduzem a pensar que você está "chorando de barriga cheia".

Se Orí quer, você consegue.
Quer alguma coisa? É só fazer! Não tem mistério. Pegue, faça, pronto e acabou.
Garanto que nunca vai "chorar de barriga cheia".

Itán de Orí e Àíyá (Odú Osè Ìrètè)



Àíyá disse a um velho que ele não deveria abrir seu comércio em dia de água.
O velho pensou. Tinha suas filhas doentes, e não podia largá-las sem amparo.
Mais tarde, Orí disse ao velho que, se não trabalhasse, sua casa faltaria mantimentos. O velho ficou confuso.
Vendo a necessidade do velho, e a opinião de Orí, Bára de aproximou e disse que se faltasse mantimentos em sua morada, não conseguiria trabalhar para se manter e manter suas filhas em plena saúde e prosperidade material.
O velho decidiu abrir seu comércio em dia de água.
Nada de movimento. Só a lama nas ruelas. E de repente, um garoto pobre e desgraçado andava sobre a lama. Passou na frente do comércio do velho e pediu algo para comer.
Ele não trabalhava com com alimentos e sim, com artigos decorativos.
O velho levou o garoto pra casa e lá chegando, se deparou com Ikú devorando suas filhas.
Pôs-se a chorar e a implorar que não fizesse isso. Ikú perguntou:
"No palácio dos outros tudo é lindo. Pra que se preocupar com eles"?
O velho respondeu:
"Não com eles, mas, com minhas filhas. Veio também este garoto pedindo o que comer".
Ikú tornou a perguntar:
"Quem é este garoto"?
O velho olhou para cara do menino e o menino disse:
"Meu nome é Íretí".
O velho disse a íkú:
"Estava ele com fome. Como poderia eu negar?"

Ikú disse ao velho que ele deveria escolher entre ouvir Orí e Àíyá.
Libertou suas filhas e foi embora.

Íretí disse ao velho que ele deveria ouvir os dois na hora certa.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Pai de santo marmoteiro: Bruno de Pomba Gira é preso!




Nem preciso falar mais nada, ne! Estava mais do que na hora de acontecer isto. Sinceramente, fico muito insatisfeito em saber que existem pessoas que usam o nome da umbanda, do candomblé – para ganhar dinheiro; enganar pessoas desgostosas da vida. Enganar pessoas que procuram desesperadamente uma orientação.

Eu não sou do tipo que aponta um pai de santo, ou uma mãe de santo e começa a esculhambar, até porque, o objetivo deste blog é passar matérias culturais. Mas, esse safado, pilantra, criminoso – não poderia passar assim, pela SCM, direto, sem ser esculhambado!

Na verdade, seu nome é Edmar dos Santos Araújo, vinte e três anos de idade.
Ele fazia anúncios em jornais do Rio, prometendo “trazer o amor e três horas”.

Cobrou 2 mil reais em um trabalho que não deu certo. Primeiro ele cobrou 350. A vítima não teve retorno. Ela ligou para o pai de santo, e disse que não havia dado certo. O pai de santo afirmou que o ‘diabo’ queria mais dinheiro. Mandou um motoqueiro buscar. Pela segunda vez, mais três horas, e nada! Na terceira vez, chegando a quase 2 mil reais, a vítima desconfiou e ligou para polícia. Quando o motoqueiro foi receber a quantia, foi preso.
O motoqueiro alegou que não tinha nada com isso e que só estava prestando um serviço, como se fosse para qualquer outro. Ainda denunciou onde o pai de santo morava – na Baixada Fluminense.

O babaca foi preso. Pode pegar até dez anos de cadeia por formação de quadrilha (ele ainda tinha secretárias) e estelionato.

Veja o anuncio do pai de santo fajuto, safado, mentiroso, criminoso... Veja como ele é PREPOTENTE e maluco:



Veja o blog do cidadão...

http://paibruno.blogspot.com.br/
 

Pessoas como esse cara não merecem estar em liberdade. 
Aos que não são da religião: esse cara é um pai de santo fajuto! Ele não faz parte da família dos Orixás.

ps: 
1 - Candomblé e umbanda não cultuam o demônio!
2 - Sacerdote de Magia Negra não tem título de pai de santo.
3 - Ele é um falso sacerdote!
4 - Nunca, ABSOLUTAMENTE NUNCA, caiam na lábia desses pais de santo de jornais! NUNCA!
 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Seu Santo Não te ajuda? Eis aqui a solução:





         Uma das coisas que mais falo na ideologia moderna do candomblé, é a atitude do devoto e sua relação com as entidades e divindades.

         O camarada chega num centro, se consulta com Ifá, faz ebó, ascende vela, bate paó, veste branco, arreia comida, faz de tudo. Vai para beira da estrada, coloca inhame para Ogum, rosa para pomba-gira, marafo para seu Tranca e se pergunta o porque não consegue caminhos abertos, um amor pra vida toda, proteção.

         Talvez você não esteja enxergando que as coisas não podem ser como se fosse um ‘mundo mágico’. Assopra um pozinho na cama de um brother, ou de uma linda moça, acreditando que a ‘coisa vai funcionar’ e chega na hora, você, ali, está bafudo e não tomou banho.
        
         Ou de repente você fica em casa esperando um telefonema de algum gerente comercial que quer uma entrevista sua. Fica em casa se iludindo, devaneando milhões e milhões de reais, quando nunca se dá conta que nem currículo você saiu para entregar!



         Você reclama que seu filho é um irresponsável e que a sua filha está precocemente gestante sem terminar ao menos o ensino médio. Imediatamente você corre para mesa de jogo buscando respostas quando, na verdade, tudo não se passa de uma questão de diálogo!

         Filho, cocaína, maconha, crack – matam!

         Filha, sempre use camisinha.
Filha, eu quero conhecer esse menino que você está saindo!

         Reclama, reclama, reclama e deixa tudo nas costas do seu exú; nas costas de seu orixá. Faz ebó, faz isso, faz aquilo e vive se preocupando com a roupa do santo de seu irmão, ou com do seu próprio.

         Enquanto você viver num mundo de ilusões, onde você acredita que as entidades e as divindades são os Slaves Gods of Orum; você nunca vai para frente.

         As energias trabalham de acordo com o seu merecimento!
         Pensem nisso com carinho.