segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Itàn (lenda) de Olukekeregún (Odú Ògúndá Obará)





Olukekeregún, nasceu ele numa tribo distante, um garoto cujo pai se fora num conflito. Sua mãe o criou mesmo sendo punida por seu orí burukú. Em sua juventude aflorada de disposição e sonhos, partiu para outras tribos, em busca de conhecimento de sobrevivência, pois sua mãe que o criara e o fizera sofrer partiu.

Sua vista começou a ficar irritada. A estrada de terra era varrida pelo vento, além de ser desconhecida. Parou e se sentou debaixo de uma árvore frondosa. Instantes depois, passava um homem com barulho de ferros se chocando, pendurados em sua cintura e outras partes do corpo.

O garoto observava o homem a medida que ele se aproximava. Então perguntou o garoto se, aquela estrava o levaria a outra tribo.

O homem disse que todas as estradas que ele seguisse ele encontraria uma tribo.

O garoto indagou sobre qual seria a melhor tribo a seguir em direção. O homem retrucou perguntando sobre o objetivo dele, e o garoto respondeu, crescer como homem.

Aquele homem se apresentou como Ogum, lhe deu uma espada e disse para seguir aquela estrada que mais agradasse sua vista. A que fosse mais bonita. E depois foi embora.

Todas as estradas pareciam ser iguais. Estavam imantadas de poeira e muito vento.

Chegando a uma determinada tribo conhecida como Egbé Awò, viu que tudo era mais difícil do que ele pensava.

Pra comer era difícil. Também para morar, se comunicar, se vestir, crescer. Em Egbé Awò tudo era difícil, porque tudo era baseado na verdade e no dogma.

Aprendeu muita coisa, e mudou muito sua visão sobre as pessoas.

Aprendeu que não deveria confiar em ninguém, apesar de gostar das pessoas. Aprendeu que quando adulto, tudo vem por mérito próprio e que a consequência disso é a riqueza material e humana.

Quando maduro, passava ele por uma estrada quando viu um garoto sentado debaixo de uma árvore frondosa. Olukekeregún lhe deu uma espada.





sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dádivas de Deus e a Criação


- por Brad Pághanni de Oxalá



Tudo era nada e nada era tudo

Eu estava de olhos fechados

Mas eu nem olhos tinha

Estava sentindo que eu era criado

Estava sentindo mesmo sem ter coração

Estava sufocado ser ar

Mesmo sem ter pulmões

Fez-me uma célula que se multiplicara de forma veloz

E essa multiplicação tomava forma

Então,

Oxalá me deu braços para trabalhar

Oxalá me deu pernas pra andar

Oxalá me deu face para ser identificável

Oxalá me deu língua para fluir coisas boas

Oxalá me deus olhos para compreender

Oxalá meu deu narinas que eu não tinha

Oxalá criou em mim um órgão genital para continuar seu trabalho de criação, e nele, prazer - para não ser chato.

Oxalá me deu todas as partes do corpo

Oxalá meu deu Bára

Oxalá me presenteou com Orí pra continuar com seu trabalho de criação

Oxalá me presenteou com tempo, para continuar seu trabalho de criação

Para um dia me agradecer com Ikú





A criação é algo que não se entende e nem se sente. É fora de tudo aquilo que imaginamos, porque vem as dádivas, o trabalho os presentes e o agradecimento com a morte.

Criados para viver,

Mortos para eternizar.