Amadurecimento
na Macumba
-por Brad Pághanni
Natureza, Orixás, Odús – um conjunto de energias que dão base
e coerência ao candomblé. Homem, cérebro, ações – um conjunto de existências
que dão sentido ao candomblé.
Notaram alguma diferença entre ‘base e coerência’ com ‘sentido’?
Ambos são fundamentais para religião, mas são díspares. Uma vez miscigenados,
tornam-se definitivamente homogêneos.
As religiões orientais possuem seus deuses. E qual a base de
suas religiões? A resposta já foi dada! E qual o sentido de suas religiões? A
resposta também já foi dada.
(nada melhor para uma religião quando se há analogias
tratando-se de um mesmo propósito: o ‘religare’).
Uma coisa interessante e em comum que posso notar nas religiões
orientais, em especial – as asiáticas – é a questão de usar o cérebro. Usufruir
da observação.
Na grande maioria, as pessoas encontram sacerdotes do
candomblé e contam os seus problemas. Procuram soluções por meio de trabalhos místicos,
consultas com sistemas oraculares. Pagam, fazem e esperam pelo resultado. Às
vezes dá certo e às vezes não.
Cândida, uma bela negra, de curvas volumosas, penduricalhos e
joias raras, vestimentas de alta-costura e de glamour inalcançável procurou por
um sacerdote do candomblé. Dizia ela ser vítima de inveja e olho-grande, e
pediu que aquele sacerdote preparasse um trabalho místico para resolver seu
problema. O sacerdote então realizou determinado trabalho. O resultado foi um
sucesso. A mulher não se queixava mais por ser vítima de inveja. Ela achava que
aquele sacerdote, aquele velho e sábio sacerdote prepararia um trabalho que
servisse de escudo contra a inveja. Achava que aquele trabalho funcionaria como
um antivírus de computador. Mas, não foi bem isso que ele fez. O trabalho que
ele realizara teve a intenção de mudar a cabeça da bela moça. Ela era linda,
rica, jovem, com todo o poder e exuberância do mundo, mas, tinha um grande
defeito: a soberba, a prepotência. E isso mudou e, exatamente por isso ela
nunca mais reclamou.
Este tipo de coisa acontece muito com as pessoas. Elas
procuram uma religião querendo, NA VERDADE, mais facilidade para alcançar
aquilo que tanto almejam, seja proteção ou conquistas.
A religião seve para religar-se a deus, exterior – senhor do
mundo e, interior- senhor da mente e do coração.
Quando deixamos de trabalhar o HOMEM, não adianta trabalhar
as ENERGIAS DA NATUREZA.
É por isso que o SENTIDO do candomblé é o CÉREBRO, o HOMEM e
BASE para trabalhar este sentido é a NATUREZA.
O que as pessoas deveriam visar no candomblé e que não visam?
Quando você pergunta para uma pessoa “porque você entrou para
o candomblé?” geralmente ela responde: “acho lindo” ou “tenho curiosidades
sobre o além” ou ainda, “nasci nesta religião”.
Porque a maioria das pessoas responde isto? Porque foi
ensinado isto! Elas visam valores totalmente distorcidos, totalmente contrários
ao que realmente é prezado na filosofia do candomblé. E com o passar do tempo,
todas elas vão para o mesmo lugar, e pensam as mesmas coisas, e não percebem
que são ‘alienadas’ a uma suposta filosofia distorcida. Criam debates sobre
diversos assuntos, escrevem livros dos mais variados temas, mas nunca realizam
(a maioria) o que realmente deve ser realizado.
Funcionam como refrigerantes: são preparados na mesma
fábrica, passam pelos mesmos processos, possuem os mesmos sabores, as mesmas
quantidades, embalagens, e por final o mesmo rótulo.
Então, o que visa o candomblé?
Visa o crescimento pessoal, longe da parte negativa do ego.
Visa o melhoramento das emoções, o aprimoramento das visões e principalmente...
Principalmente o amadurecimento da alma!
Saber sobre os Odús é bom, sobre Yiá-Mí Oxorongá é excelente.
Saber falar Yorubá é esplêndido, saber mil amarrações e encantos é monstruoso
de legal, saber traduzir um orikí é magnífico, mas... Tudo isso se torna
inválido se não souber trabalhar o homem e a filosofia que o engrandece e o
trás benefícios – caracterizando-o um homem de verdade.
E mais...! Fazendo a sua vida valer a pena!
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