sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Amadurecimento na Macumba


Amadurecimento na Macumba

-por Brad Pághanni

 

Natureza, Orixás, Odús – um conjunto de energias que dão base e coerência ao candomblé. Homem, cérebro, ações – um conjunto de existências que dão sentido ao candomblé.

Notaram alguma diferença entre ‘base e coerência’ com ‘sentido’? Ambos são fundamentais para religião, mas são díspares. Uma vez miscigenados, tornam-se definitivamente homogêneos.

As religiões orientais possuem seus deuses. E qual a base de suas religiões? A resposta já foi dada! E qual o sentido de suas religiões? A resposta também já foi dada.

(nada melhor para uma religião quando se há analogias tratando-se de um mesmo propósito: o ‘religare’).

Uma coisa interessante e em comum que posso notar nas religiões orientais, em especial – as asiáticas – é a questão de usar o cérebro. Usufruir da observação.

Na grande maioria, as pessoas encontram sacerdotes do candomblé e contam os seus problemas. Procuram soluções por meio de trabalhos místicos, consultas com sistemas oraculares. Pagam, fazem e esperam pelo resultado. Às vezes dá certo e às vezes não.

Cândida, uma bela negra, de curvas volumosas, penduricalhos e joias raras, vestimentas de alta-costura e de glamour inalcançável procurou por um sacerdote do candomblé. Dizia ela ser vítima de inveja e olho-grande, e pediu que aquele sacerdote preparasse um trabalho místico para resolver seu problema. O sacerdote então realizou determinado trabalho. O resultado foi um sucesso. A mulher não se queixava mais por ser vítima de inveja. Ela achava que aquele sacerdote, aquele velho e sábio sacerdote prepararia um trabalho que servisse de escudo contra a inveja. Achava que aquele trabalho funcionaria como um antivírus de computador. Mas, não foi bem isso que ele fez. O trabalho que ele realizara teve a intenção de mudar a cabeça da bela moça. Ela era linda, rica, jovem, com todo o poder e exuberância do mundo, mas, tinha um grande defeito: a soberba, a prepotência. E isso mudou e, exatamente por isso ela nunca mais reclamou.

Este tipo de coisa acontece muito com as pessoas. Elas procuram uma religião querendo, NA VERDADE, mais facilidade para alcançar aquilo que tanto almejam, seja proteção ou conquistas.

A religião seve para religar-se a deus, exterior – senhor do mundo e, interior- senhor da mente e do coração.

Quando deixamos de trabalhar o HOMEM, não adianta trabalhar as ENERGIAS DA NATUREZA.

É por isso que o SENTIDO do candomblé é o CÉREBRO, o HOMEM e BASE para trabalhar este sentido é a NATUREZA.

O que as pessoas deveriam visar no candomblé e que não visam?

Quando você pergunta para uma pessoa “porque você entrou para o candomblé?” geralmente ela responde: “acho lindo” ou “tenho curiosidades sobre o além” ou ainda, “nasci nesta religião”.

Porque a maioria das pessoas responde isto? Porque foi ensinado isto! Elas visam valores totalmente distorcidos, totalmente contrários ao que realmente é prezado na filosofia do candomblé. E com o passar do tempo, todas elas vão para o mesmo lugar, e pensam as mesmas coisas, e não percebem que são ‘alienadas’ a uma suposta filosofia distorcida. Criam debates sobre diversos assuntos, escrevem livros dos mais variados temas, mas nunca realizam (a maioria) o que realmente deve ser realizado.

Funcionam como refrigerantes: são preparados na mesma fábrica, passam pelos mesmos processos, possuem os mesmos sabores, as mesmas quantidades, embalagens, e por final o mesmo rótulo.

Então, o que visa o candomblé?

Visa o crescimento pessoal, longe da parte negativa do ego. Visa o melhoramento das emoções, o aprimoramento das visões e principalmente... Principalmente o amadurecimento da alma!

Saber sobre os Odús é bom, sobre Yiá-Mí Oxorongá é excelente. Saber falar Yorubá é esplêndido, saber mil amarrações e encantos é monstruoso de legal, saber traduzir um orikí é magnífico, mas... Tudo isso se torna inválido se não souber trabalhar o homem e a filosofia que o engrandece e o trás benefícios – caracterizando-o um homem de verdade.

E mais...! Fazendo a sua vida valer a pena!

 

 

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