sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sangue

Ejé & Agbò
(por Brad Pághanni de Oxalá)

Magia é o nome que se dá ao que há de material em configuração abstrata. Palavras e pensamentos são ofícios da magia. Entre todos os ofícios, o mais eficiente é um atributo denominado: ação.
O transporte de energia pelo corpo humano possui identidade rubra. É ao extremo como o transparente da chuva, que fertiliza o corpo chamado terra. Corre como o tempo, e mancha como a vivência. Representa como uma pomba e sustenta como um grão-ferro.
Assusta como o mal e se torna herói como bom. Salva vidas, mas também tira. Pode ser quente como o sol e frio como Plutão. Poderia ter sido como guache para Da Vinci; mas para soldados – cor de carcomidas cidades, que abriram sorrisos de alguém com bigode esquisito e cabelo partido para o lado, mas também – enegreceram faces... Púberes faces e também – mulheris inocentes. Faces de terra preta, de gente preta e faces de bandeira branca com estrela azul.
Experimenta diretamente o ar quando surge a vida, mas nem sempre quando ela se vai. Não tem meio termo. Ou é ou não é. Talvez nunca foi. Talvez sempre será.
Representou o homem mais conhecido do planeta. Talvez mítico. Porém, sua representação não é. Outro dia me cortei e pude ter certeza disto.
Apresentou o além para Fiodor Dostoievski. Apresentou a existência para René Descartes. Despertou a curiosidade de Charles Darwin e a sucessão de Eugéne Dubois. Transportou luz aos olhos de Voltaire. Causou tremeliques frenéticos nos dedos de Mozart. Gerou a essência brilhante e o bom humor de Einstein. Gerou solução a mente de Bertrand Russell.
Desenhou Adjinkras em costas de canelas sofredoras, em terras desconhecidas molhadas com água de banheira, de europeus com sotaque engraçado e rápido – pensando em ser crianças, fazendo brincadeiras de gente grande. Mais precisamente românico. Talvez, anglo-saxônico.
Dividiu um único pão – frio em treze.
Deu origem ao rebolado.
Deu origem também às notas musicais nas vozes de novos pretos de idiomas inglês.
B.B King é fruto desta brincadeira. Ele sabe disso, mas ao mesmo tempo não faz idéia. Zumbi dos Palmares mostrou para todos que esse elemento oculto de que estamos falando foi a matéria prima dos gingados brasileiros. São gingados de dança e de rivalidade. Independente da intenção – não muda de ascendência.
Este é o poder do sangue.
Este é o poder do Ejé.
Oxorongá é o ejé em si. Além de ser o lado feminino de Deus, e o conjunto de toda energia mulheril do universo – representa com severidade este elemento – gerador de muitos acontecimentos.
Como poderia os nativos da terra preta saber sobre isto tudo, que aconteceria em um futuro não muito distante, porém, em um local desconhecido? A resposta só Ifá sabe.
É uma boa prova de que o Ejé é a fertilidade e deve ser bem trabalhado. Deve ser compreendido assim como o recém nascido compreendia que tal era um dos seus cobertores. Até ter contato direto com o oxigênio.
Culturalmente, animais sacrificados: sim! Houveram!
A ciência sobre este ato, levaram os nativos a fazer isto.
Nativos não só da terra preta.
Enquanto europeus se preocupavam e expandir as suas terras no século XVI, aborígenes do século XIII arrancavam corações de semelhantes em oferenda a seus Deuses. Os negros e os vermelhos estavam um tanto distantes. Não é verdade? Afinal um oceano não é uma banheira.
A base de toda essa ideologia está simplesmente no nascimento. Estava até então – também na observação de cabeças dissipadas. Sim! É verdade...
Hoje com tudo o que vemos, sabemos que o sangue representa a fertilidade.
Por outro lado, sabemos que a natureza é nossa irmã. Somos todos oriundos de um mesmo foco de luz: Alá de Oxalá – pra quem quiser acreditar. Big Bang pra quem quiser ter certeza.
Por isso, culturalmente, o Ejé – de não identidade rubra – representa com a mesma potencia tal. Essa é a grande verdade.
A inteligência o discernimento cultural – varia de religioso para religioso em todas as idades da humanidade – desde que o homem se compreende por inteligente.
O Agbò é o banho de Ejé – culturalmente diferente. Plantas e pedras... Elementares e animais, são matérias. Têm essências abstratas. Mas não são. Ou melhor, não somos.

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