domingo, 24 de outubro de 2010

Tecnologia e Avanços no Candomblé


Avanços no Candomblé: Certo ou Errado?
(por Patrick Ogbásilè)

No século XXI está claro que o Candomblé está sofrendo suas modificações em vários sentidos, é fato para todos que a modernização é comum a todas as grandes e pequenas casas de Candomblé. Mesmo que haja luta contra tal acontecimento pela sociedade conservadora, é cada vez mais crescente o desenvolvimento em determinadas funções, como é o exemplo do eletrodoméstico inseridos nas cozinhas de santo substituindo as antigas ferramentas, como é o exemplo do triturador usado para fazer a farinha do acarajé, que antes o feijão era pilado ou socado com pedra.
A evolução é imprescindível para a progressão do Candomblé, e é importante para sua existência atual, pois há 70 anos atrás era usada a tecnologia existente em tal época. Mas no atual século é inviável o uso da antiga tecnologia.
Sabe-se também que, hoje o Candomblé é um culto de proporções cada vez maiores, com um grande fluxo de entrada e saída de adeptos. Para suprir essa gama de pessoas, foi e, é preciso fazer adaptações no sistema administrativo, funcional, operacional e tecnológico nas casas de Santo, a fim de conseguir manter suas funções e obrigações para que a casa siga um ritmo harmonioso seguindo a rapidez do mundo atual.
Por mais que tentemos preservar os costumes e tradições em funções de nossos cultos, não conseguimos suprir nossas necessidades dentro de uma casa de santo. Mesmo que soe como incorreto para os tradicionais, pode soar válido para o culto na atualidade. Querendo ou não é notório que nossos Òrìsàs tendem a aceitar e participar desse processo evolutivo, pois, a modernidade está presente em tudo nas roças de santo, exemplos: na luz elétrica presente nos quartos de santo, nos refrigeradores para conservar os alimentos, no preparo de comidas e oferendas, para limpeza e manutenção dos templos.
Entramos em outra questão, não seria Ògún o Òrìsà patrono das tecnologias e seus avanços?! Ògún que protege todos os profissionais ligados ao trabalho com metais, que é usado na produção de quase ou se não todos e quaisquer ferramentas usadas atualmente nas casas de santo. Renegar esses avanços tecnológicos seria não aceitar as graças desse Òrìsà, este que é responsável pelo progresso?!
Portanto, pode-se levar em consideração que há ação do Òrìsà e aceitação destes com relação aos avanços da tecnologia. E que é necessário que nosso culto precise acompanhar esse desenvolvimento, para continuar sua existência. Realmente há coisas e situações que não podem ser mudadas e substituídas, mas no que se pode acompanhar o progresso para ajudar na mão-de-obra das funções da casa de Santo, isso não pode ser deixado de lado e sim usado para que não fiquemos estagnados no tempo e sendo vistos cada vez mais como uma religião totalmente primitiva e renegada pela sociedade. O simples fato de aceitar o progresso não quer dizer que devemos esquecer o passado e tudo o que foi passado pelos mais velhos. Aceitar o presente não é renegar o passado.

Patrick Ogbásilè

2 comentários:

  1. Nossa querido Brad, que felicidade encontrar esse seu outro blog.Estou fascinado por seu amor pelo candomblé e pela possibilidade de fé atuante e inteligente.
    Voltarei aqui muitas vezes!

    http://sabordaletra.blogspot.com/

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  2. É curioso notar como a modernidade vai trazendo novas possibilidades e potencializando crenças e tradições, ao mesmo tempo em que há movimentos preconceituosos e racistas querendo acabar com a religião e a fé dos outros.

    Lindo, lindo, lindo texto. Voltarei.

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